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Leopardo de Ouro para filme de Pedro Costa. Vitalina Varela recebe prémio de melhor atriz

17 ago, 2019 - 14:51 • Lusa

Só um realizador português, José Álvaro Morais, tinha antes conquistado o galardão, em 1987.

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O filme "Vitalina Varela", do realizador português Pedro Costa, conquistou este sábado o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, anunciou a organização.

De acordo com o sítio ´online´ do festival, a atriz protagonista do filme, Vitalina Varela, foi também distinguida com o Leopardo de Melhor Interpretação Feminina.

Depois de ter sido distinguido em Locarno, em 2014, com o prémio de melhor realização por "Cavalo Dinheiro", Pedro Costa regressou este ano ao festival estreando o filme sobre uma mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava "Cavalo Dinheiro", acabando por incluir parte da sua história na narrativa, mas o novo filme é totalmente dedicado a esta cabo-verdiana de 55 anos.

A atriz cabo-verdiana também foi distinguida na sexta-feira com o Prémio Boccalino d'Oro para melhor atriz, disse este sábado à agência Lusa a produtora Optec Filmes.

O Boccalino d'Oro é um prémio paralelo ao Festival Internacional de Cinema de Locarno, entregue por um júri independente, tendo sido criado por um grupo de programadores e cineastas no ano 2000.

Só um realizador português conquistou antes o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno: José Álvaro Morais, em 1987, pelo filme "O Bobo".

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa é um cineasta independente, herdeiro das experiências feitas em 16mm no documentário pelos seus pares do chamado Novo Cinema, tendo-se formado na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.

Iniciou a atividade nos anos 1990, tendo sido assistente de realização de Jorge Silva Melo e de João Botelho, criando, até hoje, 15 longas e curtas-metragens como "Ne Change Rien" (2009), "Juventude em Marcha" (2006), "Ossos" (1997), "Casa de Lava" (1994) e "O Sangue" (1989).

O filme "No Quarto da Vanda" deu-lhe o Prémio France Culture para o Cineasta Estrangeiro do Ano, no Festival de Cannes de 2002.

Filme elogiado pela crítica

Desde a estreia, em Locarno, o agora premiado "Vitalina Varela" já tinha recebido vários elogios da crítica a nível mundial, nomeadamente do Hollywood Reporter, que o descreveu como "um épico intimista" e "trágico", considerando que esta nova longa-metragem irá colocar Pedro Costa "num novo patamar de ambiente, forma e narrativa" cinematográfica.

O portal IndieWire, por seu lado, definiu "Vitalina Varela" como mais uma "visão arrebatadora e magistral de Pedro Costa", sublinhando que, desde que Bela Tarr se retirou da filmagem de novas obras, o realizador português tem sido o "porta-estandarte de um certo tipo de cinematografia severa, lírica, ancorada em ambiguidade e rica de implicações".

Por seu turno, o sítio 'online' da revista francesa Les Inrockuptibles descreve a obra do realizador português como um projeto "entre o documentário e o retrato íntimo", num ambiente que "intriga pela aridez e beleza plástica".

O novo filme de Pedro Costa estará ainda em competição, em setembro, no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá, e no 57.º Festival de Cinema de Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde tem garantida distribuição em 2020.

O Festival Internacional de Cinema de Locarno 2019 termina este sábado - após a exibição de 80 filmes durante dez dias - com a entrega dos prémios, a partir das 21h00 (20h00 em Lisboa).

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