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Bancários ameaçam com greve por tempo indeterminado

13 ago, 2019 - 09:13

O aviso parte do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, que diz não compreender a resistência do sistema financeiro em negociar propostas.

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O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), Paulo Marcos, diz que o setor está pronto para “fazer greve por tempo indeterminado”. A concretizar, será a primeira em 30 anos.

Em entrevista ao Jornal i, Paulo Marcos diz não entender a recusa dos bancos de propostas feitas pelos sindicatos do setor, mesmo que não tenham impacto financeiro e tendo em conta os lucros que os bancos apresentaram no primeiro semestre.

O dirigente considera que o setor devia ser mais generoso com os trabalhadores e não entende que, “apesar do cenário ser hoje bastante mais favorável do que era há um ou há dois anos”, se encontrar ainda a “mesma resistência”.

O presidente do SNQTB expõe ainda que as alterações feitas ao código de trabalho colocaram os trabalhadores numa “posição bastante desfavorável” e que, na última década, “um trabalhador bancário médio sofreu uma erosão muito forte no salário derivada da inflação na casa dos 11 pontos percentuais”.

Apesar de os sindicalistas levarem sempre propostas “compreensivas e bem preparadas” para as reuniões de negociações, Paulo Marcos diz que, mesmo assim, encontraram resistência por parte dos bancos.

Os três sindicatos – Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Sidnicato dos Bancários do Norte e Sindicato Independente da Banca (SIB) “muniram-se dos instrumentos necessários para que a negociação tivesse mais resultados”.

Conseguiram “pequenos avanços”, como a autorização para fazer greve de duração ilimitada e com recurso ao fundo de greve, caso seja necessário.

Uma nova ronda negocial está marcada para 4 de setembro, mas, apesar da continuação das negociações, o presidente do SNQTB diz que a “bomba atómica” está do lado dos sindicatos.

As propostas apresentadas passam por um “estudo económico que procura fundamentar as posições dos sindicatos e que considera um conjunto de variáveis, desde a inflação ao poder de compra perdido à produtividade dos bancos, à rendibilidade dos bancos e ao desempenho dos fundos de pensões”.

Os sindicatos pedem ainda a reintrodução de um conjunto de medidas que foram eliminadas durante a troika, como “a possibilidade de o trabalhador que é alvo de assédio pedir e ser concedida a hipótese de deslocar o seu local de trabalho, (…) a assistência aos ascendentes com doenças oncológicas sem que isso se traduza numa penalização” e a “reintrodução do prémio de antiguidade”.

“Das 39 propostas que fizemos, apenas 11 tinham expressão pecuniária, 28 não tinham e continuamos a lutar. Acho estranho que as 28 propostas não tinham qualquer impacto financeiro e a primeira resposta do grupo negocial foi não”, acrescenta.

Paulo Marcos aguarda pelos resultados das novas negociações ao longo do mês de setembro, mas garante que o setor está preparado para todos os cenários. “Espero que o bom senso prevaleça.”

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