10 ago, 2019 - 19:31 • Redação com Lusa
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A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) acusa os sindicatos de chantagem e de se prepararem para incumprir serviços mínimos.
“É este comportamento sucessivo de chantagem, de negociação com a espada sobre a cabeça da ANTRAM, que não podemos aceitar. Temos a firme convicção de que os serviços mínimos serão incumpridos", adiantou o porta-voz da associação, em resposta ao anúncio dos sindicatos dos motoristas, que grantiram manter a greve de dia 12 de agosto, por tempo indeterminado.
André Matias de Almeida acrescenta que a ANTRAM está no limite das suas capacidades e não pode oferecer mais aos motoristas.
"Apelamos muitas vezes a este sindicato que voltasse atrás e que aceitasse negociar aquilo que foi negociado, que é o maior aumento desde a história do 25 de abril em contrato coletivo de trabalho. É a maior cedência de sempre e, portanto, não há nada mais que estes empregadores possam fazer", explicou o porta-voz da ANTRAM.
"Estas empresas vão para o terceiro ano seguido em decréscimo de resultados. Não é possível dar mais a estes trabalhadores", acrescentou.
Para André Matias, a greve dos motoristas é uma "vitória estrondosa" para os representantes sindicais, mas é "uma derrota brutal" para todos os trabalhadores sindicalizados.
Para os patrões, esta "greve aos portugueses e ao país" reflete a postura que tem pautado os sindicatos: "conflito, ameaça e chantagem". No entanto, a ANTRAM reiterou que se mantém disponível para voltar a negociar, caso seja cancelada a paralisação.
O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) decidiram hoje manter a greve com início na segunda-feira, por tempo indeterminado, após a realização de um plenário conjunto.
"A greve é para avançar, por tempo indeterminado", afirmou aos jornalistas o porta-voz do SIMM, Anacleto Rodrigues, após o encontro conjunto das duas estruturas sindicais, realizado hoje à tarde em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa.
O SIMM já tinha anunciado que mantinha a greve, após um plenário realizado hoje de manhã em Leiria.
Os motoristas reivindicam que a associação patronal Antram cumpra o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23:59 de 21 de agosto, que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.
Num parecer solicitado pelo Governo, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que o executivo "tem direito a fixar serviços mínimos indispensáveis" para satisfazer "necessidades sociais impreteríveis".