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​Itália. Organizações católicas contestam multas a salva-vidas do Mediterrâneo

08 ago, 2019 - 02:09 • Ecclesia

Vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, criticado por referência à Virgem Maria para celebrar aprovação do polémico "Decreto Segurança".

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O novo decreto de segurança aprovado pelo Senado da Itália, com multas a ONG que salvam vidas no Mediterrâneo, está a ser contestado por vários responsáveis da Igreja Católica no país.

O bispo de Siena, D. Paolo Lojudice, secretário da Comissão de Migrações da Conferência Episcopal Italiana, fala num gesto de “propaganda”.

Em declarações ao site Vatican News, D. Paolo Lojudice alerta para o risco de a sociedade acabar num cenário de “total egoísmo”, que considera “muito contrário aos valores, princípios e ditames do Evangelho”.

“Eu diria apenas para reler um pouco o Evangelho e para nos perguntarmos como podemos dar as boas-vindas de forma verdadeira e inteligente, como o Papa sempre disse, e também para distinguir os vários momentos da situação: o momento de emergência, o momento da receção, o momento do processo de integração, não traduzido apenas em termos económicos”, acrescenta.

O decreto foi aprovado definitivamente esta segunda-feira no Senado com 160 votos a favor, 57 contra e 21 abstenções.

Matteo Salvini, ministro italiano do Interior, que participou na votação na qualidade de senador, celebrou a aprovação do ‘Decreto Segurança bis’ com um agradecimento à Virgem Maria, no Twitter.

O padre Antonio Spadaro, diretor da revista “Civiltà Cattolica”, dos Jesuítas, reagiu à publicação, falando num momento de “resistência humana civil e religiosa”.

Já o jornal “Avvenire”, da Conferência Episcopal Italiana, falou da referência de Salvini à Virgem Maria como um “comentário desconcertante”.

Sem se referir diretamente ao caso, o Papa Francisco falou esta quarta-feira da necessidade de uma “uma Igreja sem fronteiras”, capaz de “criar relações com significado, pontes de amizade e solidariedade”.

No final da audiência geral, o pontífice deixou uma saudação, “com afeto”, às crianças refugiadas acolhidas pela Cooperativa “Auxilium”, que ajuda imigrantes que chegam à Itália.

Durante o encontro com os menores do centro, retratado na primeira página do jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, Francisco assinou simbolicamente uma tela onde as crianças desenharam uma árvore, com a impressão das suas mãos.

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  • A C
    08 ago, 2019 Lisboa 17:35
    É perfeitamente natural a contestação. Só espero, por uma questão de coerência, que a Santa Sé, como estado soberano, acolha no seu território todos os refugiados e lhes dê o que a eles falta e de que fogem... 😇

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