01 ago, 2019 - 14:46 • Pedro Mesquita
O antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, saúda o acordo de cessação de hostilidade que foi firmado entre o seu sucessor Filipe Nyusi e o líder da Renamo, esta quinta-feira.
Entrevistado pela Renascença, Chissano fala num dia de alegria. “É um dia de alegria para qualquer moçambicano, porque assinou-se um acordo para calar as armas para sempre. É o culminar de um trabalho que foi feito durante muitos anos.”
Chissano foi o primeiro chefe de Estado moçambicano a assinar um acordo de paz naquele país lusófono, mas tanto da primeira como da segunda vez a violência acabou por regressar. Agora, espera, será diferente.
“Penso que a maturidade das forças vivas do país foi crescendo, desde que nós começámos o trabalho. Ganharam maturidade para dialogar e para assumir compromissos.”
“Da parte da Renamo vemos um crescimento moral e uma nova postura. Mas também da parte dos governantes há uma nova consciência das coisas, uma maneira de abordar os outros, uma aceitação”, diz o ex-líder.
Agora, considera Chissano, o mais difícil já está feito, mas é preciso continuar a alimentar o processo, para que não seque, diz.
“Sempre dissemos que o mais difícil era conquistar a confiança mútua. Já existe bastante para se ter chegado onde se chegou, mas é algo que tem de continuar a ser criado.”
“Não sei se é à terceira que é de vez, mas isto tem de ser alimentado nunca se deve confiar demasiado, é preciso alimentar. O diálogo deve continuar para a verdadeira reconciliação, tanto nas bases como nas cúpulas dos diferentes partidos.”
“É necessária a intervenção de todos para alimentar essa paz. É preciso trabalhar para que a paz seja permanente, tem de ser alimentada, é como uma planta, seca quando não há chuva regular. É preciso alimentar a planta da paz”, conclui.