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Boris desafia Bruxelas, declara o acordo para o Brexit "morto” e diz que "há margem" para negociar um novo

29 jul, 2019 - 19:03 • Redação com Lusa

Bruxelas reiterou na semana passada que a União Europeia não pretende renegociar o documento alcançado após quase dois anos de negociações com Theresa May.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reiterou esta segunda-feira que o acordo para o Brexit negociado pela antecessora Theresa May com Bruxelas "está morto" e que quer negociar um acordo novo sem a solução para a Irlanda do Norte. Durante uma visita à Escócia, Johnson disse à BBC: "A solução ['backstop’] está morta, não serve, tem de sair. O acordo de saída está morto, tem de ir. Mas há margem para negociar um acordo novo".

A solução para a Irlanda do Norte pretende evitar uma fronteira física com a República da Irlanda e implica que a província britânica fique alinhada com as regras do mercado comum até ser assinado um acordo de comércio livre entre o Reino Unido e União Europeia (UE).

Bruxelas reiterou na semana passada que a UE não pretende renegociar o documento alcançado após quase dois anos de negociações com Theresa May.

O primeiro-ministro britânico adiantou que Londres teve contactos hoje com o governo irlandês sobre os "limites" do novo governo e que garantiu estar empenhado em negociações com os 27 para conseguir um acordo de comércio livre. "Estamos muito confiantes que, com boa vontade de ambos os lados, duas entidades maduras, o Reino Unido e a UE, vão conseguir concluir isto [‘Brexit’]", vincou.

Johnson falava durante uma visita à Escócia, onde revelou um fundo de financiamento de 300 milhões de libras [329 milhões de euros) para o território e as outras províncias autónomas, nomeadamente País de Gales e Irlanda do Norte, as quais pretende visitar nos próximos dias.

A digressão pelo país pretende "renovar os laços que ligam" as diferentes nações do Reino Unido antes do ‘Brexit', mas a chefe do executivo autónomo escocês, Nicola Sturgeon, já ameaçou com um novo referendo à independência da Escócia no caso de uma saída sem acordo.

O sucessor de Theresa May enfrenta também oposição a uma saída sem acordo da líder do próprio partido Conservador escocês, Ruth Davidson, que criticou Johnson no passado e não apoiou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros na eleição para a liderança do partido Conservador.

Hoje, após um encontro, Davidson adiantou terem discutido uma variedade de temas, incluindo o ‘Brexit' e "a necessidade de ter certeza” de que será possível chegar a um acordo. "E eu apoio o primeiro-ministro incondicionalmente para conseguir esse acordo", enfatizou.

Desde a entrada em funções, na semana passada, que o novo primeiro-ministro tem proclamado a necessidade de preparar o país para um ‘Brexit' sem acordo a 31 de outubro, tendo criado um comité dentro do governo para acelerar os preparativos, que hoje se reuniu pela primeira vez.

O comité é formado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, do ‘Brexit’, Steve Barclay, das Finanças, Sajid Javid, do Gabinete, Michael Gove, e o procurador-geral, Geoffrey Cox.

Hoje de manhã, a Confederação da Indústria Britânica, o maior grupo de empresários britânicos, publicou um estudo que conclui que nem o Reino Unido nem a UE estão preparados para o ‘Brexit' e faz 200 recomendações a ambos os lados, incluindo novas leis, novos sistemas informáticos e acordos para manter temporariamente algumas regulamentações comuns.

Entretanto, o presidente-executivo do grupo automóvel PSA, o português Carlos Tavares, disse, numa entrevista ao Financial Times, que a ausência de um acordo resultaria no encerramento da fábrica da Opel (que no Reino Unido opera com a marca Vauxhall, em Ellesmere Port, no País de Gales, ameaçando 1.000 postos de trabalho.

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