20 jul, 2019 - 18:24 • Susana Madureira Martins
Não foi para falar de saúde que Marta Temido subiu ao palco branco instalado no auditório do pavilhão Carlos Lopes em Lisboa, onde está a participar na convenção nacional do PS. A ministra fez de moderadora no painel de apresentação do programa eleitoral do partido dedicado ao combate às desigualdades. E foi na apresentação dos participantes deste painel que a ministra da saúde teceu críticas implícitas ao Bloco de Esquerda e ao PCP.
Um dia depois de ver aprovada a Lei de Bases de Saúde precisamente pelos parceiros da maioria parlamentar que apoia o governo, Marta Temido traçou a linha que separa aqueles partidos do PS dizendo que “a marca distintiva, a marca de água das políticas do PS face a outras forças de esquerda é a capacidade de ser exigente e de não se bastar com a afirmação de princípios, com a retórica, enfim e de apresentar medidas concretas e exequíveis, medidas pensadas, medidas estudadas, medidas que consubstanciam prioridades e boas escolhas para os portugueses”.
Curiosamente, antes deste painel sobre desigualdades e antes de Marta Temido subir ao palco, ficou também implícita uma pequena provocação para fora deste evento, no caso ao Bloco de Esquerda. No écran da convenção nacional passou um vídeo de António Arnaut, já falecido e designado como o pai do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
No vídeo de três minutos via-se o ex-ministro dos Assuntos Sociais a explicar o que é a ética à Juventude Socialista e o que distingue um socialista de todas as restantes ideologias – “um socialista assume com o povo o compromisso de fazer tudo para o ajudar a libertar-se das grilhetas que ainda o oprimem” -, puxando para o partido uma figura histórica do PS que foi usada meses a fio pelo Bloco de Esquerda para obrigar os socialistas a tomarem uma posição na lei de bases de saúde.