Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

CTT de aldeia do Fundão instalados em capela com imagem de Nossa Senhora

20 jul, 2019 - 09:00 • Liliana Carona

A presença de um altar e de uma imagem de Nossa Senhora, no posto dos Correios, foi sempre encarada com naturalidade na Aldeia Nova do Cabo. Moradores nem querem ouvir falar em retirar os Correios, que estão instalados na capela de um solar de família.

A+ / A-
CTT de aldeia do Fundão funciona em capela - Reportagem de Liliana Carona

Em Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão, desde 2014, que os CTT ficam sedeados numa capela de um solar de família, adquirido pela junta de freguesia local para a instalação de diversos serviços.

Uma partilha nas redes sociais sobre este inusitado posto de CTT colocou a pequena freguesia de 500 habitantes nas bocas do mundo.

O presidente da junta e os populares desvalorizam e dizem que é a chamada “silly season” ou oportunismo eleitoral.

Nunca Aldeia Nova do Cabo foi motivo de notícia, e tão falada nas redes sociais como por estes dias. Uma partilha em diversas redes sociais, da capela onde funciona um posto dos CTT, que afinal não é novidade, já existe desde 2014, despoletou a polémica.

A população de Aldeia Nova do Cabo, maioritariamente idosa, não quer saber do Facebook, nem muito menos de uma polémica que o presidente da União de Freguesias de Fundão, Valverde, Donas, Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo, o independente Manuel Malicia, ajuda a descodificar.

“Para que as pessoas entendam, este edifício é todo da junta de freguesia, e a capela faz parte, e por uma questão de acessibilidades, em 2013, passou-se o atendimento da freguesia e do posto dos CTT do primeiro piso para o rés do chão”, esclarece o presidente da junta, que não entende o recente mediatismo.

“Agora não há futebol, tem que se falar noutras coisas”, afirma o autarca local, sublinhando que esta não é a única capela na região a ganhar nova utilidade.

“O Convento do Seixo, em ruínas aos anos, há pouco tempo fui lá almoçar. Foi um almoço celestial, porque a zona de refeição e bar é na própria capela. Não vai nenhum mal ao mundo quando estes edifícios são reparados em benefício das pessoas”, defende Manuel Malicia.

Além dos CTT, a capela de 1861, localizada num solar de família, solar dos condes de Tondela e Aragão, pertença da junta, alberga ainda o museu da banda local.

A presença de um altar e de uma imagem de Nossa Senhora, no posto dos Correios, diz o funcionário Ricardo Fernandes, 36 anos, foi sempre encarada com naturalidade.

“Nunca ninguém questionou a presença da Nossa Senhora de Fátima, oferecida pelo presidente da junta, estou sempre protegido e sempre guardado”, afirma, justificando que “isto deve ter surgido de alguma motivação eleitoral”.

Maria da Conceição, 70 anos, nem quer ouvir falar em tirar os CTT da capela. “Está bem instalado e dá-nos muito jeito, eu venho do Fundão, pagar aqui o telefone.

Afinal esta capela é abençoada, dizem os mais idosos que dependem dela não só para os serviços do Correio. “Vimos aqui medir a tensão, os diabetes, buscar as reformas, sou abençoada em todo o lado, vou pedir a Deus para não tirarem nada da capela”, conclui a moradora.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • João Trigueiros
    07 ago, 2019 Lisboa 12:07
    https://artesletrasebaionetas.blogspot.com/2019/07/aldeia-de-joanes-aldeia-nova-do-cabo.html
  • João Trigueiros
    27 jul, 2019 Lisboa 00:49
    UM POUCO DE TRANQUILIDADE NO DESASSOSSEGO. Jamais questionamos a existência de uma estação de Correios em Aldeia Nova do Cabo, e até sugerimos, em alternativa a esta, a sua instalação numa edificação fronteira ao solar, no outro lado da rua. Para os moradores da freguesia, esta alteração não faria a mínima diferença. Se a população encara com naturalidade a instalação desses serviços neste local, à mistura com compotas, instrumentos de música, e ícones religiosos, por iniciativa de uma junta de freguesia de um estado laico, até ficamos muito felizes. A população local, deste modo, demonstra o seu grande sentido de humor – que nós muito apreciamos – e o seu interesse estético pelo surrealismo… A nosso alerta aqui expresso – ao contrário do que alguns pretendem –, nada tem de motivação eleitoral, até porque actualmente sentimos alguma repulsa pela política, da maneira como tem sido exercida nas últimas décadas. Neste caso, apenas as questões estéticas e patrimoniais, por uma questão de gosto pessoal e de formação académica, foram a nossa única motivação. Dos poucos políticos locais que conhecemos pessoalmente, um dos únicos é o empenhado Dr. Paulo Fernades, presidente da C.M.F, com o qual privamos ainda ele era um “outsider” da política. Para ele vai a nossa admiração, pelo trabalho realizado e pela sua coragem em dar o corpo às balas na sua ingrata tarefa. Dos presidentes de junta, não conhecemos nenhum, tampouco as suas filiações partidárias, pelo que qualquer crítica – como
  • Rui Gonçalves
    22 jul, 2019 Fundão 14:42
    Como é possível reduzir a opinião de um povo, à opinião do Presidente da Junta que arquitectou a situação. Mal seria se ele disse que isto estava mal. Pois senhor Manuel Melicias, está mal. Não se mistura religião com negócio. Já questionou o seu paroco a cerca do assunto? Julgo que a opinião dele não é contra a utilização do edifício mas sim à presença da imagem e do altar que foi uma peça abençoada para um determinado fim.

Destaques V+