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50 anos Apollo 11

Ana Pires, a única astronauta portuguesa: "Espaço? Temos ainda muito para explorar na Terra"

16 jul, 2019 - 16:36 • Pedro Mesquita

Em entrevista à Renascença, garante que a Lua, agora que passa meio século da partida de Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, ainda "fascina" alguém que pretende ser astronauta. Se um dia for convidada a ir à Lua, "a resposta seria obviamente sim".

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Foi há 50 anos. Há precisamente meio século, três homens avançaram para a Lua. A bordo da Apollo 11, Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins escreviam a primeira página de uma aventura que fica para a história. Quatro dias depois da partida, Armstrong foi o primeiro homem a pisar solo lunar.

Ana Pires, a única mulher portuguesa a concluir, com sucesso, o curso de Cientista Astronauta, é a voz do entusiasmo. O entusiasmo, por exemplo, quando recorda o dia em que vestiu pela primeira vez o fato de astronauta, para fazer muitos dos treinos que são feitos pelos astronautas, e sentiu um pouquinho das dificuldades que eles sentem.

Ana Pires sente que está hoje mais perto de cumprir o seu sonho. E desta entrevista à Renascença fica uma frase essencial: se um dia for convidada a ir à Lua a resposta seria obviamente sim.

Quando é que se tornou Cientista Astronauta?
Fizemos, portanto, o curso base, que é o curso de Cientista Astronauta no âmbito do projeto PoSSUM, e este projeto PoSSUM, apoiado pela NASA, confere esta categoria onde temos a possibilidade de fazer muitos dos treinos que os astronautas fazem, nomeadamente uma simulação de um voo suborbital até mesosfera, sentir o que é usar um fato espacial, tentar controlar a pressão, ver, sentir, de facto, a pouca mobilidade que um verdadeiro astronauta sente.

E é aí que percebemos, realmente, a dificuldade, não é? E hoje estamos a viver, este ano, os 50 anos da primeira alunagem e, de facto, aí conseguimos perceber um bocadinho, só um bocadinho, uma percentagem ínfima, daquilo que os verdadeiros astronautas sentiram.

E depois dessas dificuldades todas, que sentiu na pele, estaria disposta a fazer uma viagem à Lua e, quem sabe, a outros mundos?
Nunca se sabe, não é? Se calhar até estou mais perto, tive a oportunidade de estar recentemente, em maio, em Phoenix, no deserto do Arizona, onde fizemos um curso, precisamente no mesmo local onde os astronautas da NASA fazem os seus treinos ligados à geologia lunar e geologia de Marte. E agora estou mais perto do que o que sonhava. Eu acho que é algo que está dentro de nós.

E a Lua ainda fascina alguém que pretende ser astronauta?
Principalmente porque a Lua poderá ser um bom porto de partida e um bom porto de abrigo para futuras missões para outros planetas, nomeadamente Marte. Mas temos ainda muito para explorar na nossa própria Terra. E há muitos locais que são semelhantes e que são usados, até, em muitos treinos que os astronautas fazem. Até lhe posso dizer, por exemplo, um: a ilha do Pico.

A ilha do Pico vai ser usada para fazer treinos com equipas da NASA, que vêm cá. E, portanto, se calhar temos, nós, aqui na Terra, características muito parecidas com aquilo que vemos na Lua e em Marte.

A propósito dos 50 anos da ida do homem à Lua, a viagem começou hoje, terça-feira, há 50 anos. Foi muito antes de nascer. Mas imaginamos que tenha lido tudo e visto tudo o que há sobre o assunto...
Certo. Hoje foi o dia em que eles tomaram o seu pequeno-almoço. E imagino o que é que eles estariam a pensar. Naquele momento em que tomam o seu pequeno-almoço antes de partirem para a missão, o que é que aqueles três homens estariam a pensar. Eu acho que lhes deve ter pensado pela cabeça ‘será que vamos conseguir’. Eu acho que deve ter sido esse o primeiro pensamento deles. E, de facto, conseguiram.

Se for convidada a ir à Lua, um dia, aceita sem hesitar?
Seria muito difícil, obviamente. Mas digo-lhe já que se esta pergunta fosse realmente verdadeira a minha resposta seria obviamente ‘sim’.

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