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Reportagem

Só há mato e lixo nos terrenos da nova Feira Popular de Lisboa quatro anos após o anúncio

01 jul, 2019 - 17:15 • José Carlos Silva

Projeto ainda não saiu do papel e 20 hectares de terreno estão ao abandono. Até as chapas que delimitavam os terrenos foram roubadas e o presidente da Junta de Freguesia de Carnide fala numa “imensidão de nada”.

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Foi há quase quatro anos que o presidente da Câmara de Lisboa anunciou que Carnide iria receber um parque verde de 20 hectares e a nova Feira Popular. Mas o que há são 20 hectares cheios de palha e paredes meia com casas e escolas.

A 3 de Novembro de 2015, o autarca Fernando Medina anunciava o regresso da Feira Popular: “Hoje damos um passo muito importante para concretizar esse sonho (o da Feira Popular). Doze anos depois, a Feira Popular vai voltar. Maior, melhor, integrada num amplo espaço verde da cidade”.

Um ano depois, a três de novembro de 2016, Fernando Medina falava de “um dia histórico para a cidade de Lisboa, com a devolução da Feira Popular”. As declarações do presidente da Camara de Lisboa foram no terreno junto à estação do metropolitano da Pontinha, assinalando perante a comunicação social o arranque das obras.

Já passaram mais de dois anos sobre estas últimas declarações, e o que está feito são pouco mais do que os acessos.

Os 20 hectares de terreno do parque verde onde vai ficar instalada a Feira Popular foram modulados, com altos e baixos no terreno, hoje ocupados por uma imensa ceara ao abandono. Palha que convive com habitações, e o cerca de 8 a 10 mil moradores do Bairro Padre Cruz, o maior bairro camarário da Península Ibérica.

O presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa, fala de “uma imensidão de nada, não há no terreno grandes trabalhos a serem desenvolvidos”.

Há cerca de um mês, a reportagem da Renascença verificou no terreno a presença de uma carrinha de caixa aberta e de uma pequena escavadora. Nada mais. Os 20 hectares estão ao abandono e, onde antes houve um cercado de chapas metálicas, hoje apenas delimitam o terreno os postes que lhes serviam de ancoragem.

O terreno é acessível a quem entender, junto de prédios camarários, há o receio de que alguém pegue fogo à palha, com consequências que seriam graves. Fábio Sousa diz estar preocupado, e garante que já fez chegar essas preocupações à Câmara, até porque “após a aquisição dos terrenos pela Câmara, eles são propriedade e responsabilidade da autarquia”.

A mesma preocupação tem Elisete Andrade. É a presidente da Associação de Moradores do Bairro Padre Cruz. Faz parte da comissão que acompanha a obra de construção do Parque Verde e Feira Popular. Mas há largos meses que não há qualquer reunião, lamenta. E garante que “alguns de nós temos insistido para que seja feito um ponto da situação, mas nada”.

A ausência de informação faz desesperar o presidente da Junta. Fábio Sousa, eleito pela CDU, lembra que “informação é poder. E é poder trabalharmos melhor. Se tivéssemos aqui informação de datas e do que vai ser necessário – porque este pode ser um projeto de grande desenvolvimento local – podíamos já estar a formar pessoas para trabalhar nos diferentes espaços”.

Ideias não faltam a Fábio Sousa. Desde avançar com aulas de inglês para potenciais candidatos a trabalhos na restauração, passando por formação em segurança a habitantes do bairro Padre Cruz, ou em jardinagem para desempregados.

Mas insiste que só com um calendário em concreto será possível trabalhar corretamente.

A Feira Popular deveria estar a funcionar desde 2018, ou seja, há um ano.

A Renascença há cerca de um mês que desafiou a Câmara de Lisboa a dar resposta a questões concretas, como “as razões de não terem sido cumpridos prazos, ou quando estará pronto o parque verde e a Feira Popular”, mas até ao momento não obtivemos quaisquer respostas.

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