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Em Nome da Lei - Serão os videojogos viciantes? - 15/06/2019

Está o seu filho viciado em videojogos?

15 jun, 2019 • Celso Paiva Sol, com Rui Barros


Podem os videojogos mudar o nosso dia-a-dia ou potenciar comportamentos violentos? E é um problema exclusivo dos jovens? O debate, no "Em Nome da Lei".

Identificar uma dependência como a dependência dos videojogos não é fácil. Quando João Faria, psicólogo clínico que trabalha com crianças e jovens com este tipo de perturbações, recebe alguns dos casos, acontece quase sempre não porque os pais estão conscientes da dependência, mas sim porque isso está a influenciar o seu rendimento noutras atividades.

"Quando os pais trazem os filhos às consultas, não é obrigatoriamente porque estão a jogar muito, mas sim porque acham que estão a jogar muito e as notas estão a cair. Outro campo que também se ativa é a quantidade de sono. Há muitos pais que dizem: ' eu acordo a meio da noite e vejo a luz por baixo da porta - e já são quatro e ele já deveria estar a dormir porque no dia a seguir tem escola'", explica o psicólogo.

Ao contrário do que acontece com outras dependências, João Faria diz que ainda é difícil chegar a conclusões rigorosas sobre os efeitos dos videojogos. Há, no entanto casos, que não deixam margem para duvida: "um dos identificadores é uma reação explosiva, desadequada, quer de raiva, quer de tristeza, quando o jogador é interrompido abruptamente quando está a jogar", explica o clínico.

Marta Borges, da Divisão de Intervenção de comportamentos aditivos e dependências da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, entende que não é necessário modificar as leis para aumentar o controlo, mas sim estar presente em sítios onde estão os jovens. Por isso, a sua equipa de redução de riscos está a apostar na presença em grandes eventos relacionados com os videojogos e em festivais de música.

"Eu não acho que se tenha de diabolizar. Acho que é uma mudança da sociedade. A nossa sociedade passou a ser uma sociedade digital, e portanto o que eu acho que temos de fazer não passa pela legislação mas sim por criar canais de comunicação com as pessoas que jogam", explica a responsável.

Borges acredita que a melhor solução é usar esses canais de comunicação para explicar formas de proteção contra a adição e "relembrar - porque em todas as relações de dependência é preciso ir ao encontro das pessoas - e criar laços de conversa para dizer: 'quantas vezes fazes pausas quando estás a jogar?'. E ouvir por que é que eles não param".

Uma indústria de milhões cada vez mais com preocupações acrescidas

Numa indústria que já movimenta tanto dinheiro como o cinema, Ricardo Flores, presidente da Associação dos Produtores de videojogos nacionais, garante que os produtores têm cada vez mais uma preocupação acrescida. E aponta, como exemplo, a questão da violência.

"Se olharmos para os títulos que estão a ser apresentados para este verão [percebemos] que existe uma tendência para a preocupação da violência, disfarçando-a. Estamos a 'cartoonizar' a violência, a 'infaltilizar' os personagens, a deixar de ser tão realista. As armas já não são tiros, é andar às marteladas uns aos outros, mas também entrar nesse esquema de cores, de ligação", explica o responsável.

O mercado nacional tem ganhado dimensão. E, por isso, uma das novidades é a criação de grandes eventos sobre videojogos. Jamil Heneni é produtor de videojogos, mas sobretudo organizador destes eventos, e confirma que é um negócio em expansão

"O entretenimento nunca teve uma oportunidade de ser trabalhado de uma forma tão interativa como nos videojogos", explica.

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