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Benfica

Bruno Lage e os treinadores da "Caixa de Campeões"

13 jun, 2019 - 12:45 • João Fonseca

Bola Branca apresenta um trabalho exclusivo sobre a formação do Benfica. Os jogadores, os treinadores e os dirigentes. Três capítulos que contam com Bruno Lage, Ferro, Rúben Dias e ainda Luís Filipe Vieira.

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Viagem à "Caixa de Campeões". Por dentro da formação do Benfica
Viagem à "Caixa de Campeões". Por dentro da formação do Benfica

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Iniciado o percurso deste trabalho designado por "Caixa de Campeões", em Bola Branca, e conhecidas as histórias de Ferro e Rúben Dias, o segundo episódio traz-nos até aos formadores, aqueles que no dia-a-dia de uma academia dão forma a uma estratégia construída sob o lema de "formar para ganhar".

A ideia de que uma estrela nasce sozinha esbarra na complexidade de uma estrutura de pessoas e departamentos que, juntos, criam um caminho que só alguns completam com sucesso.

"Se a prospeção não trouxer jogadores de fora, mesmo em idades pequenas, depois não temos matéria prima para trabalhar. Portanto, isto é um mundo muito grande de competência e de qualidade de muita gente e de muitos departamentos, que depois chega aqui já muito filtrado a uma equipa B e, aqui sim, sabem que estão às portas da equipa A", afirma Renato Paiva, no pontapé de saída desta reportagem da Renascença.

Educar os jovens e os pais deles

No entanto, este é um processo que encerra dificuldades maiores para aqueles que em regime de internato começam por viver, ainda muito novos, longe da família.

"Aqueles que cá estão é porque não têm outra possibilidade ou porque os pais estão longe. Aqueles que têm a sorte de poder trabalhar neste clube, sobre estas condições e ainda chegar ao final do dia e ver os pais em casa acabam por ser os verdadeiros beneficiados. Têm de ser adultos à força, porque não têm diariamente aquele carinho dos pais à noite ou um beijinho antes de ir dormir ou uma palavra que será sempre pelo telefone", explica Luís Nascimento, outro treinador que esteve ligado à formação das águias.

Hoje em dia, o foco de preocupação não passa em exclusivo pelos jogadores. Há que gerir, também, as enormes expectativas criadas pelos progenitores.

"É natural que alguns pais dos atletas que jogam no Benfica possam começar a criar algumas expectativas de que possam vir a atingir patamares de excelência, o que não acontece com todos eles. Os pais também têm de ser educados nesse sentido, a serem pais de atletas de alta competição, e não é fácil sê-lo", assume Luís Nascimento.

Lage como encarnação da "Caixa de Campeões"

Esta reportagem centra-se, também, numa época que fica marcada pela troca de treinador em janeiro, com a saída de Rui Vitória e a promoção de Bruno Lage. Um técnico que atinge topo da pirâmide, transformando-se num exemplo para todos.

"A questão do treinador é inequívoca, porque é claramente um dos nossos, um treinador da formação que chega num momento difícil, quando pouca gente acreditava que era possível o percurso que foi feito", sublinha Luís Nascimento.

"Há treinadores de futebol que podem ser jovens e que podem ser muito competentes, que podem não ter a experiência acrescida que têm outros, que se a tivessem obviamente seriam melhores, mas que não ter essa experiência não inibe competência e não inibe um profissional dar uma resposta imediata e pronta como deu o Bruno. Essa é a grande mensagem que nos deu o Bruno, a nós e a todos", reforça Renato Paiva.

Bruno Lage encarou com naturalidade o pedido de Luís Filipe Vieira assumindo de imediato a prova de fogo, recusando virar as costas ao projeto que o havia feito regressar à formação das águias.

"Poder reforçar a equipa em Janeiro com um jogador para cada setor é a recompensa maior daquilo que foi este projeto de construção de academia de construção e projeção de um futuro com jogadores nacionais e vindos da formação", assumiu o treinador campeão.

Perfil aperfeiçoado pela "teimosia" do presidente

Agora, fiel depositário de uma máquina oleada, Lage define o perfil do jogador à Benfica:

"O jogador cresce naquilo que é o seu conhecimento tático, da sua cultura tática e naquilo que é o seu desenvolvimento individual. E quando digo individual, digo de várias coisas, para além das questões técnicas, físicas, psicológicas e de mentalidade de equipa grande."

Finalmente, uma palavra, de Renato Paiva, para o mentor de um ideal atingido com sucesso:

"O presidente que é um visionário nisto e noutra coisas tem uma teimosia muito saudável, e esta teimosia muito saudável do presidente levou a este resultado. Hoje, se calhar, muita gente está a morder a língua porque viu que era possível."

Renato Paiva, Luís Nascimento e Bruno Lage, treinadores de uma "caixa de campeões".

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