07 jun, 2019
A ideia não surgiu agora, uma vez que já se encontrava prevista no acordo celebrado o ano passado entre os dois partidos da coligação governamental. Por outro lado, o facto do Parlamento ter autorizado não significa que o governo vá mesmo emitir estes bilhetes. Em todo o caso vale a pena olhar para o que significará esta emissão, fazendo a hipótese que ela vai mesmo verificar-se.
Os bilhetes a emitir não vencerão juro. Serão utilizados para fazer pagamentos a fornecedores do Estado, em particular os que estão mais atrasados. Por outro lado, os bilhetes serão aceites pelo Estado para pagamento de impostos e pelas empresas públicas para pagamento de fornecimentos aos seus clientes.
Serão estes bilhetes uma verdadeira emissão monetária? Na realidade não, a não ser que tivessem de ser obrigatoriamente aceites pelos fornecedores do Estado ou pelos fornecedores destes.
O que é que ganha o estado italiano em emiti-los? Tem a vantagem de se livrar de dívidas já existentes sem ser através de contracção de nova dívida, uma vez que os bilhetes não vencem juro. Mas a prazo, é natural que os bilhetes tenham alguma desvalorização, o que significará que poderá haver aí um encargo para o Estado quando receber de volta os bilhetes para pagamento de impostos. Por outro lado, o sistema pode impulsionar positivamente a economia e aí estará certamente um ganho.
Por isso, considero um sistema prático de introduzir alguma, embora insuficiente flexibilidade no colete-de-forças criado pela moeda única. E será uma atitude pouco inteligente se as autoridades comunitárias vierem a opor-se argumentando uma pretensa violação das regras da moeda única. Mas a verdade é que nunca ninguém acusou a moeda única de ser um projecto inteligente.