05 jun, 2019 - 18:55 • Isabel Pacheco
Ainda não eram 8h00 quando Ana Costa abriu as portas da Associação Hospitalários de S. Lázaro na Igreja dos Terceiros, em Braga, para servir o “pão de Lázaro” aos sem-abrigo da cidade. Na mesa há, diariamente, leite, cevada, pão e fruta.
“Se quiserem comer aqui, comem. Se quiserem levar, também, podem levar”, explica à Renascença a voluntária, uma das 30 envolvidas no projeto.
Ana Costa explica que, a par dos produtos doados pelas empresas, há um ingrediente que não se compra nem se dá, mas que se conquista e que pode fazer a diferença: “a confiança”.
“Eles têm de ter confiança na gente. Tanto isso que na primeira semana começamos com seis pessoas e depois foi evoluindo. Hoje já passamos a dezena”, sublinha Ana Costa.
A iniciativa é inédita na cidade de Braga. Desde 20 de maio, repete-se de domingo a domingo, entre as 80h0 e as 9h30. Aqui “não há pausas, nem perguntas”, esclarece o presidente da Associação Hospitalários de S. Lázaro.
“Ninguém precisa de se identificar. Aliás, não precisam de dizer nada. Apenas que querem o pequeno almoço. Se querem o pão com fiambre ou queijo ou doce”, resumiu à Renascença Lino Mesquita Machado.
As portas da associação “estão abertas a todos”, mesmo quem não esteja em situação de sem abrigo. “Todas as pessoas que se dirijam cá em situação de carência terão pequeno-almoço”, garante.
Na cidade de Braga estima-se que sejam mais de 30 as pessoas que vivem em situação de sem-abrigo. Foi a pensar nesta população que nasceu a iniciativa, que “partiu de uma ideia do arcebispo primaz, D. Jorge Ortiga”, e foi colocada no terreno pela Associação Hospitalários de S. Lázaro.
“Fala-se dos sem-abrigos e dos apoios no almoço e ao jantar, e até de higiene. Porque não haveriam de ter direito a pequeno almoço?”, questiona Lino Mesquita Machado.
A resposta à questão chegou a 20 de maio, altura em que o “pão de Lázaro” começou a ser servido todos os dias na Igreja dos Terceiros, em Braga.