Tempo
|
A+ / A-

Prémios milionários na TAP. Trabalhadores querem explicações e Estado pede reunião

06 jun, 2019 - 10:45 • Redação

Apesar dos prejuízos em 2018, a companhia aérea decidiu distribuir mais de 1,1 milhões de euros a alguns funcionários, entre os quais a mulher do presidente da Câmara de Lisboa. Administradores do Estado incomodados.

A+ / A-

A comissão de trabalhadores da TAP pede esclarecimentos urgentes sobre os polémicos prémios de desempenho, alguns dos quais superiores a 100 mil euros.

“A haver distribuição de prémios, de lucros, o que lhe quiserem chamar, deveria ser para todos efetivamente”, defende a coordenadora da comissão de trabalhadores, em declarações à Renascença.

Cristina Carrilho defende que “a igualdade entre trabalhadores está posta em causa” quando nem todos os trabalhadores são abrangidos “e claro que esta situação vai fazer com que existam ainda mais clivagens”.

No ano passado, a TAP teve um prejuízo de 118 milhões de euros. Contudo, decidiu entregar, este ano, bónus de desempenho avultados a administradores.

Os prémios totalizaram 1,171 milhões de euros e foram entregues a 180 pessoas, duas das quais quadros superiores, que receberam 110 mil euros com o salário de maio.

Um destes beneficiados terá sido Abílio Martins, ex-Portugal Telecom no tempo de Zeinal Bava, avança o jornal “i” nesta quinta-feira.

A seguir a prémios mais elevados, está um valor de mais de 88 mil euros pago a um dos quadros, um de mais de 49 mil euros e outro de 42 mil. Os restantes valores são todos iguais ou inferiores a 30 mil euros. Alguns tiveram direito a pouco mais de mil euros.

Entre a lista dos beneficiados consta, segundo o jornal “i”, o nome de Stéphanie Silva, mulher do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. Stéphanie Silva trabalha no gabinete jurídico da companhia aérea portuguesa e, de acordo com o jornal, terá recebido 18 mil euros de prémio.

Segundo o coordenador do Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos), a distribuição de prémios “nunca foi prática habitual” na TAP “e vai lançar a desigualdade entre trabalhadores pela falta de equidade”.

“Não entendemos isto, tendo em conta que num ano em que tivemos lucros [2017] os prémios foram distribuídos por todos”, num valor igual, acrescentou Paulo Duarte, em declarações à agência Lusa.

A companhia, por seu lado, não quis comentar "as suas políticas de mérito”.

Estado quer reunião de emergência

Esta distribuição de prémios não agradou aos administradores nomeados pelo Estado, que terão recebido a notícia com “bastante incómodo”, segundo avança o “Jornal de Negócios”.

Estes administradores detêm 50% do capital da TAP e já convocaram uma reunião extraordinária para analisar a decisão da comissão executiva, liderada por Antonoaldo Neves.

A reunião de emergência deverá ocorrer ainda nesta quinta-feira.

Em 2017, a companhia aérea teve mais 100 milhões de euros lucro, mas em 2018 foram os prejuízos a dar que falar.

"Tivemos um prejuízo líquido consolidado de 118 milhões de euros […]. Os resultados vão além do prejuízo, já que a empresa não causa impacto somente através do seu resultado financeiro”, afirmou Antonoaldo Neves.

“O ano de 2018 foi difícil para a TAP quer em termos operacionais, quer em termos económicos e financeiros, mas foi um ano que não comprometeu o nosso futuro. Um ano que nos permitiu continuar a criar raízes para que o plano estratégico possa ser implementado como previsto”, indicou, por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • jose lucas
    06 jun, 2019 Óbidos 18:11
    Estes gestores da treta, brasileiros rebentaram com tudo no país deles e vêm para cá dar cabo do resto, com o aval do governo do PS. Uma vergonha... Com 118 milhões de prejuízo que vai ser pago pelo zé povinho, dão mais de 1 milhõa de prémios de produtividade? A sorte deles é não termos generais com tomates no sítio, senão este país já tinha entrado nos eixos, com outro 25 de Abril. Venho já... acho que vou vomitar... :-(
  • Petervlg
    06 jun, 2019 Trofa 12:11
    Alguma novidade? isto não é normal entre os políticos?, porque é que o PS e o BE e o PCP, queriam reverter a decisão da TAP, para isto, apenas só para isto e para o estado meter o dinheiro dos contribuintes quando existe passivo

Destaques V+