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Amazon vai poder vender ferramenta de reconhecimento facial aos governos

23 mai, 2019 - 15:37 • Marta Grosso

O “Rekognition” já é utilizado em alguns estados norte-americanos, mas é muito criticado, sobretudo, por falhar com pessoas de pele mais escura.

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A empresa de comércio online Amazon vai mesmo poder vender a polémica ferramenta que permite fazer o reconhecimento facial aos governos interessados em adquiri-la.

O conselho de administração e o próprio presidente da empresa, Jeff Bezos, eram contra, mas a medida foi aprovada na quarta-feira, em assembleia geral de acionistas.

Em cima da mesa estavam duas propostas: a primeira pedia a proibição de venda do sistema de reconhecimento facial – o “Amazon Rekognition” – a agências governamentais; a outra defendia a existência de um relatório independente que analisasse até que ponto o “Rekognition” poderá ameaçar os direitos civis, humanos e de privacidade.

Os acionistas acabaram por rejeitar as propostas que restringiam e auditavam o serviço de reconhecimento facial. O conselho foi, assim, contra Jeff Bezos, presidente-executivo e fundador da empresa, mas que controla apenas 16% dos direitos de voto e ações.

O “Rekognition” utiliza um sistema de inteligência artificial para identificar possíveis criminosos e menores desaparecidos. É muito criticado pelas organizações defensoras dos direitos humanos, não só porque viola a privacidade como porque está provado que existe maior tendência de erro com pessoas de pele escura.

A tecnologia, que a Amazon garante que pode rastrear e analisar centenas de pessoas numa fotografia, usando um banco de dados com dezenas de milhões de rostos, já é utilizada em Orlando (no estado da Flórida) e pela polícia do condado de Washington (no Oregon).

Há precisamente um ano, mais de 30 organizações lideradas pela União das Liberdades Civis Norte-Americana (ACLU, na sigla em inglês) escreveram uma carta à direção da Amazon, instando-a a deixar de fornecer a tecnologia de reconhecimento facial à polícia.

Os signatários justificam o pedido com o facto de considerarem que o instrumento dá à polícia “um perigoso poder de vigilância”, com efeitos “irreversíveis”.

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