07 mai, 2019 - 14:09 • João Cunha
O projeto imobiliário previsto para o quarteirão onde está inserida a cervejaria Portugália, na Avenida Almirante Reis (Lisboa), está a provocar polémica.
Para a autarquia de Lisboa, trata-se de uma mais valia urbana para resolver uma ferida na cidade, em que se recuperam terrenos abandonados em edifícios de habitação de classe média e residências para estudantes.
Mas muitos munícipes residentes na freguesia de Arroios consideram que o “Portugália Plaza”, como se chama o projeto imobiliário, é um atentado urbanístico que vai mudar por completo a paisagem.
O projeto prevê a construção de cinco edifícios, entre eles, uma torre com 17 pisos e mais de 60 metros de altura.
Os residentes na zona queixam-se da perda de luz solar, dos problemas de estacionamento, da confusão das obras – previstas para três anos – e da possível especulação imobiliária que dali advirá.
Mas o principal problema que todos apontam é a volumetria, ou seja, a altura prevista para os edifícios, que ultrapassa o que é permitido pelo atual Plano Diretor Municipal de Lisboa.
É, de resto, por isso, que a autarquia tem o projeto em consulta pública até meados deste mês (maio), em regime de exceção.
CDS-PP quer prolongar consulta pública
A vereação do CDS-PP mostra-se contra o projeto. "Vamos querer prolongar o prazo [da consulta pública] por mais 30 dias, uma vez que os lisboetas que aqui residem não sabem o que se vai passar e a aberração urbanística que Fernando Medina aqui vai permitir", afirma João Gonçalves Pereira.
O CDS coloca várias reservas, mas o vereador faz questão de sublinhar que o partido não se opõe à construção em altura. "Pode e deve haver construção em altura, designadamente para habitação, mas em áreas onde já existe essa construção".
Na opinião de João Gonçalves Pereira, "o que nós temos aqui é um arranha-céus, um urbanismo grotesco, numa área total bruta de construção de 44 mil metros quadrados".
Contudo, o Plano Diretor Municipal só previa 33 mil metros quadrados de construção. E é aqui que entra um instrumento criado pelo presidente da Câmara, Fernando Medina: “um bónus criado para os grandes interesses imobiliários, que vão permitir esses mais 11 mil metros de construção”.
“Fernando Medina está refém dos grandes interesses imobiliários na cidade e os lisboetas devem ver isto como uma enorme preocupação”, defende o vereador centrista.
Claro que ninguém gosta do que ali está agora e "é positivo que se encontre uma solução, mas não a solução encontrada", que para a vereação CDS-PP "penaliza Lisboa e a imagem da cidade".
O “Portugália Plaza” prevê 85 apartamentos, 16 escritórios, espaços co-work, uma zona comercial e duas praças ajardinadas. O investimento é de 40 milhões de euros, a cargo de um fundo de investimento alemão – o Essentia, empresa que coordena os projetos do Fundo Imobiliário Fechado Sete Colinas.
O projeto já foi aprovado pelo departamento de Urbanismo da Câmara de Lisboa, mas não reúne consenso.