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Papa pede aos búlgaros que não fechem o coração aos migrantes

05 mai, 2019 - 09:46 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Francisco sublinhou a importância da Bulgária como porta aberta para o Médio Oriente e terra de diversidade cultural e civilizacional. A visita do Papa termina na terça-feira, quando parte para a Macedónia.

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O Papa Francisco pediu este domingo aos búlgaros que não fechem o coração aos migrantes que lhes batem à porta, invocando para isso a própria experiência do país como terra de emigrantes.

No seu primeiro discurso na Bulgária, onde chegou este domingo de manhã para uma visita de pouco mais de dois dias, Francisco foi recebido pelo Presidente e no seu primeiro discurso elogiou a diversidade de culturas, etnias, civilizações e religiões diferentes do país.

“Sinto-me feliz por me encontrar na Bulgária, lugar de encontro entre múltiplas culturas e civilizações, ponte entre o leste e o sul da Europa, porta aberta para o Médio Oriente; uma terra onde se embrenham antigas raízes cristãs, que alimentam a vocação de favorecer o encontro tanto na região como na comunidade internacional. Aqui a diversidade, no respeito pelas peculiaridades específicas, é vista como uma oportunidade, uma riqueza e não como motivo de contraste.”

Num país em que os católicos são uma pequena minoria, a visita do Papa foca-se muito no diálogo ecuménico, com a Igreja Ortodoxa da Bulgária, em particular, mas também no diálogo inter-religioso. “Aproveitemos a hospitalidade que o povo búlgaro nos oferece para que cada religião, chamada a promover harmonia e concórdia, ajude o crescimento de uma cultura e de um ambiente permeados de pleno respeito pela pessoa humana e a sua dignidade, instaurando laços vitais entre civilizações, sensibilidades e tradições diferentes e rejeitando toda a violência e coerção. Assim serão desbaratados aqueles que procuram por todos os meios manipulá-la e instrumentalizá-la.”

Foi já na parte final do seu discurso que Francisco abordou o tema das migrações, recordando em primeiro lugar a experiência dos búlgaros. “A Bulgária está a enfrentar as consequências da emigração, ocorrida nas últimas décadas, de mais de dois milhões dos seus cidadãos à procura de novas oportunidades de trabalho. Ao mesmo tempo, a Bulgária – como muitos outros países do velho continente – precisa de encarar aquilo que se pode considerar como um novo inverno: o inverno demográfico, que se abateu como uma cortina de gelo sobre grande parte da Europa em consequência de uma diminuição de confiança no futuro.”

“Por outro lado, a Bulgária é confrontada com o fenómeno daqueles que, para escapar de guerras e conflitos ou da miséria, procuram penetrar nas suas fronteiras e tentam, de todos os modos, chegar às áreas mais ricas do continente europeu a fim de encontrar novas oportunidades de existência ou simplesmente um refúgio seguro”, disse Francisco.

“Conheço o empenho com que, há anos, os governantes deste país se esforçam por criar condições para que sobretudo os jovens não sejam forçados a emigrar. Quero encorajar-vos a prosseguir por esta estrada, isto é, fazer todos os esforços por promover condições favoráveis a fim de que os jovens possam investir as suas viçosas energias e programar o seu futuro pessoal e familiar, encontrando na pátria condições que permitam uma vida digna.”

“E a vós, que conheceis o drama da emigração, seja-me permitido sugerir que não fecheis os olhos, o coração e a mão – como é tradição vossa – a quem bate à vossa porta”, concluiu Francisco, que tem feito da solidariedade para com os refugiados e requerentes de asilo, uma das grandes bandeiras do seu pontificado.

A viagem do Papa à Bulgária prossegue este domingo com uma agende preenchida. Cerca das 11h de Lisboa o Papa é recebido pelo Patriarca da Igreja Ortodoxa, e pelo Santo Sínodo da mesma e às 12h reza, na praça de São Alexandre Nevsky, o Regina Coeli.

Mais tarde Francisco celebra missa com parte da pequena comunidade católica da Bulgária, às 15h45.

A visita do Papa à Bulgária termina na terça-feira, altura em que parte para a Macedónia.

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