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"Regras do jogo alteraram-se completamente". Unidades de cuidados continuados admitem fechar portas

09 abr, 2019 - 16:49 • Filomena Barros , Joana Azevedo Viana

À Renascença, presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados critica má gestão e falta de diálogo.

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Faltam camas nos cuidados continuados e a situação pode agravar-se, havendo a hipótese de encerramento de várias unidades especializadas.

Sem respostas do Governo, há responsáveis de unidades que admitem fechar portas. Muitos não conseguem pagar salários aos seus trabalhadores nem saldar contas com fornecedores.

O alerta é de José Bourdain, presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, no seguimento de uma denúncia do presidente da "Domus Fraternitas", uma IPSS da Ordem Franciscana que gere "O Povorello", o único centro de cuidados paliativos do distrito de Braga.

Em entrevista à Renascença, Bourdain dá um "exemplo pessoal" de uma organização que dirige, que tem duas unidades de cuidados continuados, que fez um investimento de três milhões de euros numa delas e que recebeu 750 mil euros a fundo perdido.

"Nesse contrato que assinámos, comprometemo-nos a não deixar a rede de cuidados continuados durante oito anos". O problema, acrescenta, é que "as regras do jogo alteraram-se completamente".

"O Governo aumentou-nos brutalmente os custos, não nos aumentou do lado da receita e, neste momento, as unidades de cuidados continuados dão imenso prejuízo e estão a ser pagas abaixo do preço de custo".

Por esse motivo, a sua e outras organizações estão atualmente a pensar "seriamente em fechar as unidades de cuidados continuados", adianta o responsável, algo que pode começar a acontecer já em maio.

A Associação Nacional de Cuidados Continuados, fundada há dois anos, culpa o Governo por má gestão da rede de cuidados paliativos e queixa-se de falta de diálogo. Bourdain diz que chegou a estar marcada uma primeira reunião com a secretária de Estado da Saúde e Segurança Social em março, mas que o encontro acabou por ser desmarcado e não mais reagendado.

"Disseram que depois agendariam mais tarde, entretanto já passou mais de um mês e até agora não agendaram a nossa reunião. Infelizmente isto é prática na política, finge-se que se dialoga para se tentar atrasar as coisas, para de alguma forma nos tentar condicionar para não entrarmos com ações em tribunal como estamos para entrar, para não fazermos comunicados de imprensa, para não falarmos publicamente dos problemas. Na nossa opinião, é uma forma de tentar que fiquemos quietos e sossegados para não criar ondas em vésperas de eleições, deve ser por isso."

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