31 mar, 2019
"O número conta", rememorou Vital Moreira no blogue Causa Nossa. E as ligações familiares directas e indirectas entre membros do governo PS e gabinetes ministeriais - expostas até ao momento - já se aproximam, perigosamente, da meia centena.
"A ética republicana vai muito além do respeito da lei e toda a imprudência será castigada", ampliava o alerta do ex-eurodeputado socialista ele próprio também atingido, mais tarde, por fogo amigo. "O problema é que são muitos casos", admitia Jorge Coelho, no "Circulatura do Quadrado" na TVI24.
"Existe uma pseudoaristocracia a achar ter o direito natural de liderar o PS", somava Francisco Assis ao Expresso. Agora acuado políticamente, depois de ter desvalorizado o tema, António Costa atacou Cavaco e quem saltou da política para os negócios e desvalorizou as mais de 40 relações de afinidade no seu governo.
"Não há conflito de interesses. Não há um exemplo de quem tenha nomeado alguém da própria família", disse Costa ao DN/TSF, no mínimo, num exercício generoso, amplo e irrestrito na interpretação do conceito ético político de 'conflito de interesses'. Afinal, até no Parlamento Europeu, os deputados não podem dar empregos a familiares, mas podem contratar familiares de colegas.
Estão a soar as campainhas de alarme dos barómetros de urnas do PS, com o PSD a encurtar distâncias nas sondagens e já há análises a apontar ao eventual efeito eleitoral que o familygate socialista pode ter em ano de Europeias e Legislativas - mesmo que o PS tenha trunfos como o preço dos novos passes sociais.
São pistas para a análise de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law em Arlingon, Virginia, Luís Aguiar-Conraria, professor da Universidade do Minho e Nuno Botelho, presidente da ACP.