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“Temer é líder de uma organização criminosa” há 40 anos, diz juiz do Lava Jato

21 mar, 2019 - 19:29 • João Carlos Malta

De acordo com a investigação, estão em causa os crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e pagamentos ilícitos feitos ao grupo liderado por Temer.

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O ex-presidente Michel Temer é chefe de uma organização criminosa em funcionamento há 40 anos, segundo investigação da Lava Jato no Rio de Janeiro, citado pela Globo.

"Michel Temer é o líder da organização criminosa a que me referi, e o principal responsável pelos atos de corrupção aqui descritos", afirmou o juiz Marcelo Bretas após a detenção de Temer que ocorreu na manhã desta quinta-feira, durante uma operação em que foi também detido o ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco.

A Polícia Federal tem mandados contra mais seis pessoas, entre as quais se encontram empresários.

O juiz Bretas diz que o esquema criminoso agora desfeito se “valeu de poder político para transformar os mais diversos braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas".

Temer ficará em prisão preventiva e teve como base a denuncia de José Antunes Sobrinho, dono da empresa de energia Engevix.

Segundo o jornal brasileiro, o empresário disse à Polícia Federal que pagou um milhão de reais (232 mil euros), a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel Temer.

Os crimes

De acordo com a investigação, estão em causa os crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e pagamentos ilícitos feitos por Sobrinho ao grupo liderado por Temer.

“O posto de liderança de Michel Temer perante a organização criminosa é facilmente identificável por diversos aspectos. Ele se comportava como quem tem o controle da atividade criminosa dos demais integrantes, de maneira que, mesmo sem ter o conhecimento específico de como cada um deles está praticando seus crimes, mantém o controle geral do que ou não ser feito na atividade criminosa da organização. Assim ele é consultado pelos outros integrantes em momentos críticos e estratégicos dos rumos a serem tomados pela organização, bem como em eventuais embates internos entre integrantes subalternos”, lê-se na acusação.

As investigações apontam para que a organização criminosa praticou diversas irregularidades envolvendo órgão públicos e empresas estatais, das quais retiraram mais-valias.

Esta detenção resulta da junção das operações Radiotividade, Pripryat e Irmandande.

O papel de Temer e a defesa

A investigação da Lavajato afirmou ainda que Michel Temer, como líder da organização criminosa, possuía ascendência sobre todas as ramificações, especialmente o político e o financeiro, e mantinha ainda relações com a elite empresarial, isto é, com os donos de grandes empresas dispostos a pagarem subornos.

O advogado Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, afirmou que a prisão do ex-presidente ‘é uma barbaridade’.

A prisão do ex-Presidente Michel Temer, “constitui mais um, e dos mais graves!, atentados ao Estado Democrático e de Direito no Brasil”.

“Os fatos objeto da investigação foram relatados por delator, e remontam ao longínquo 1° semestre de 2014. Dos termos da própria decisão que determinou a prisão, extrai-se a inexistência de nenhum elemento de prova comprobatório da palavra do delator, sendo certo que este próprio nada apresentou que pudesse autorizar a ingerência de Temer naqueles fatos”, rematou o advogado.

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