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"Nível de desprezo” inédito leva médicos a pedir reunião urgente com ministra

19 mar, 2019 - 11:49 • Lusa

Estruturas médicas têm criticado nos últimos dias declarações recentes da ministra da Saúde sobre o salário dos médicos e sobre eventuais medidas para obrigar os recém-especialistas a permanecer no SNS.

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A Ordem dos Médicos pediu uma reunião com caráter de urgência à ministra da Saúde, na sequência de atitudes e declarações da tutela que "revelam uma total falta de respeito" e um "nível de desprezo nunca antes alcançado".

Fonte oficial da Ordem dos Médicos adiantou à agência Lusa que o Conselho Nacional da Ordem teve uma reunião extraordinária no domingo na qual foi decidido pedir um encontro urgente com a ministra da Saúde, Marta Temido.

"Na base desta decisão está um conjunto de atitudes e declarações ocorridos nos últimos meses e que revelam da parte da tutela uma total falta de respeito pelos médicos, com um nível de desprezo e desvalorização nunca antes alcançado", declarou a mesma fonte oficial da Ordem dos Médicos, indicando que o pedido de reunião urgente seguiu já para o Ministério da Saúde.

A mesma fonte acrescenta que o órgão máximo da Ordem, o Conselho Nacional, considera que a situação "ultrapassou o limite do aceitável".

Estruturas médicas, como o Sindicato Independente dos Médicos e a própria Ordem, têm criticado nos últimos dias declarações recentes da ministra da Saúde sobre o salário dos médicos e sobre eventuais medidas para obrigar os recém-especialistas a permanecer no Serviço Nacional de Saúde (SNS) após conclusão do internato.

No fim de semana, o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, escreveu no jornal “Observador” um artigo de opinião em que considerou "lamentável e inaceitável a ingratidão do poder político para com as pessoas que todos os dias tornam o SNS possível, evitando que as más políticas tenham um impacto mais gravoso no terreno".

"A recente entrevista da ministra da Saúde à TVI, sem o devido contraditório, foi mais um triste episódio de um mandato que é curto, mas que, infelizmente, está já repleto de momentos que em nada servem os doentes, os profissionais e o SNS.

Nessa entrevista à TVI, a ministra Marta Temido admitiu, nomeadamente, a possibilidade de avançar com formas para reter no SNS por algum período de tempo os recém-especialistas que se formem no setor público.

A este propósito, o Sindicato Independente dos Médicos já admitiu avançar para uma greve de médicos internos como protesto pela forma como o Governo tem tratado estes profissionais em formação especializada.

O bastonário dos Médicos contestou ainda afirmações da ministra sobre o salário dos médicos em início de carreira e sobre os acordos coletivos de trabalho dos médicos.

Para Miguel Guimarães, a ministra, "ao tentar empurrar para fora a responsabilidade de todos os males do SNS, está a condenar a saúde em Portugal".

Na segunda-feira, outra decisão do Governo motivou um protesto da Ordem dos Médicos, desta vez sobre a substituição de profissionais nos hospitais do SNS.

A Ordem acusou o Governo de discriminação ao impedir que os profissionais desta classe sejam substituídos sem autorização prévia do Ministério das Finanças, quando abriu essa possibilidade aos restantes trabalhadores de saúde, como enfermeiros e assistentes operacionais.

Comentários
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  • Daniel
    19 mar, 2019 lisboa 17:43
    Vasco Gonçalves retoma o poder e o PREC reinicia-se.no ataque a tudo e todos ,avança camarada Vasco que nós somos a tua couraça de aço 1975 em 2019,exonerado o 25 de Novembro de 1975..Este governo radicalizou -se e está alegadamente a comunizar o País artrvés de impostos ,leis próximas do confisco e ficha fiscal a arma toda poderosa q destrói a confiança no estado e País.Em relação á noticia a mesma é pouco esclarecedora sob os totais motivos da Ordem médicos.O SNS uma conquista mas tb uma desgraça pois não há dinheiro para ter equipamentos de ponta e atender de forma holística toda a população ,havendo desistentes á sua saúde,listas de espera em quase todas as especialidades,tempos de espera nas consultas serviços de urgência etc longos e desesperantes etc etc.Sempre foi assim desde a sua implementaçao porque não há cacau para atender a todos como se fossem nossos pais,irmaos etc.Este é o eterno dilema neste e noutros ministérios e com tendência a agravar-se nos próximos anos em sistema de governança em que se vive das iniciativas dos privados de certos setores e se ostracizam outros.A DIVIDA PUBLICA BERRA E NAO TEM CURA tal como muito POVO doente.Mas pronto vamos ter eleições e vamos ver quem a elas se apresenta e terá a percepçao do Pais real em q são os betinhos q decidem quem vence.A lei eleitoral previligia os eleitores citadinos em relação ao interior despovoado.A dimensão do terrtorio tb deveria pesar no numero de deputados distribuídos.Ha uma espécie de ditadura di
  • José Joaquim Cruz Pinto
    19 mar, 2019 Ílhavo 17:29
    Mas há alguma dúvida de que médicos recém-licenciados e recém-especializados deveriam ter um período mínimo (mas generoso) de permanência no SNS?! Ou pensarão eles que as propinas que pagaram cobriram a formação que receberam? Não querem? Muito bem, paguem então o que as propinas não cobriram, ... ou quero eu então a parte que me toca daquilo que receberam e não pagaram ainda.

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