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Ponha o cérebro a trabalhar na nova exposição da Gulbenkian

15 mar, 2019 - 16:32 • Maria João Costa

“Cérebro: mais vasto do que o céu” é uma exposição para todas as idades que dá a conhecer o que sabemos até hoje sobre o cérebro e onde pode fazer várias experiências.

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É a nossa máquina mais complexa. “Tem 86 mil milhões de neurónios, faz 10 elevado a 14 sinapses e um trilião de cálculos por segundo” assim poderíamos cientificamente descrever o cérebro, o tema da nova exposição da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Mas a mostra tem um título mais poético, diz o curador científico Rui Oliveira que explica que “Cérebro: mais vasto do que o céu”, é uma frase roubada a um verso da poetisa norte-americana Emily Dickinson.

"The brain is wider than the sky" é o poema que abre a exposição, numa tradução de Ana Luísa Amaral e na qual Dickinson descreve o cérebro humano como “mais fundo que o mar” e “com o exato peso de Deus”. A par deste poema, o visitante é também recebido com um tema inédito do músico Rodrigo Leão composto para uma instalação de imagem intitulada “Self-reflected” do artista e neurocientista norte-americano Greg Dunn.

Com esta entrada mais artística, “a preocupação foi que os visitantes não tivessem a sensação que estavam a ter uma aula sobre o cérebro”, explica Rui Oliveira que defende uma “experiência sensorial e emotiva” do público. Assim, indica o investigador quem visita a exposição não é “bombardeado” com questões científicas mal entre. Mas depois, ao percorrer os três núcleos expositivos, poderá encontrar esses dados, bem como experiências para por o cérebro a trabalhar.

Visitar esta exposição é abrir uma janela para um mundo que, apesar de muito investigado, tem ainda dimensões desconhecidas. “Promover a curiosidade” é outro dos objetivos da exposição que tem no teto uma instalação que simula um neurónio, com 12 metros que se ilumina à nossa passagem. Ao lado, podemos ver por exemplo o primeiro fóssil de um cérebro encontrado na China e que tem 500 milhões de anos.

Pelo meio, há obras de arte. Da Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian é por exemplo mostrado um quadro de Bridget Riley que ilustra como os princípios percetivos por detrás das ilusões óticas foram utilizados pela corrente artística OpArt. Mais à frente nesta exposição que pretende também ter uma componente artística, há também aguarelas de David Goodsell, obras de Santiago Ramón y Cajal e uma pintura ao vivo dos robôs pintores criados pelo português Leonel Moura que há mais de duas décadas trabalha com a inteligência artificial.

Nesta viagem ao interior das nossas cabeças que a exposição propõe, o visitante faz parte integral da mostra. Também ele é desafiado a participar por exemplo, numa “Orquestra de Cérebros”. Nesta interatividade, o publico coloca um headset que lê a sua atividade cerebral que é projetada em tempo real numa tela. Visitar a nova exposição da Gulbenkian é por isso, pôr a cabeça a funcionar e sobretudo percebermos melhor que é no emaranhado de neurónios que está tudo.

“A sede do pensamento, das emoções e todos os processos mentais, reside no cérebro. Esta é uma ideia que ainda hoje não está completamente sedimentada. Continuamos a ter expressões como 'maus fígados' ou oferecer corações e não partes do cérebro no Dia de são Valentim” explica Rui Oliveira que, em tom irónico, diz que ninguém anda “com pendentes com córtex”, preferindo antes os tradicionais corações. Contudo, o cérebro “é a sede biológica destes processos” e tudo isto é explicado na exposição que poderá ver até 10 de junho no edifício sede da Gulbenkian.

Além da exposição “Cérebro: mais vasto que o Céu”, a Fundação Calouste Gulbenkian organiza paralelamente um ciclo de debates que começam já dia 20 às 18h30 no Auditório 2 com a presença do artista Greg Dunn sobre “A complexidade do cérebro”. Até 2 de junho vão passar por estas conferências o neurocientista António Damásio que irá falar sobre “O Cérebro, o Corpo, e a Naturalidade da Consciência” no dia 2 de junho; o chef José Avillez que no dia 1 junho, às 18h30, falará sobre “O Cérebro e a Dieta”; no dia 22 de maio o escritor angolano José Eduardo Agualusa irá participar num debate em torno do tema “Criar Memórias”.

Toda a programação está disponível no site da Fundação Calouste Gulbenkian.

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