03 mar, 2019 - 13:07 • Lusa
O Presidente da República manifestou-se este domingo confiante nas instituições que fiscalizam o poder local, a nível administrativo e jurisdicional, aguardando pelo "apuramento da verdade" sobre as ajudas para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande.
À margem das comemorações do 216.º aniversário do Colégio Militar, que hoje decorrem em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a polémica à volta de alegadas irregularidades na recolha e gestão de donativos em Pedrógão Grande, tema sobre o qual a Presidência da República emitiu uma nota no sábado.
"Sabe que eu confio no Ministério Público, na Provedoria de Justiça, nas instituições que fiscalizam, do ponto de vista administrativo e jurisdicional, o nosso poder local. Nesse sentido, estando desencadeados os mecanismos, resta o apuramento da verdade", afirmou.
O chefe de Estado acrescentou que, neste caso, "o apuramento da verdade significa saber para onde foi o contributo, não apenas e sobretudo público, mas privado".
Na semana passada, a TVI emitiu uma reportagem, segundo a qual bens doados na sequência do grande incêndio de junho de 2017 estão num espaço da Câmara Municipal de Pedrógão Grande e não foram entregues às vítimas desse desastre.
No sábado, na nota emitida por Belém, o Presidente da República anunciou que irá voltar em junho aos municípios afetados pelo incêndio de Pedrógão Grande, sublinhou "a necessidade de todos os meios legais, administrativos e judiciais para apurar o sucedido", e assegurou que não contactou sobre o tema da reconstrução e ajudas o autarca deste município, Valdemar Alves, "no último ano".
"Especificamente, o Presidente da República não teve nenhum contacto com o Presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande sobre esta matéria no último ano", precisa a nota, acrescentando que "carece de qualquer fundamento a afirmação de que teria tido qualquer intervenção na conduta do aludido autarca nesse período de tempo."
"Tendo em conta os generosos contributos dos portugueses para o processo de reconstrução", Marcelo Rebelo de Sousa defende que o processo se caracterize "pelo rigor, a transparência, a responsabilidade e a celeridade", salientando que o pediu "desde a primeira hora e recordou nomeadamente na passagem do primeiro aniversário da tragédia de Pedrógão Grande.
Na sequência da reportagem, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, referiu que a autarquia se limitou a ceder espaços para acolher donativos para as vítimas dos incêndios e rejeitou suspeitas de favorecimento e açambarcamento das ofertas.
O presidente da Câmara disse que o município cedeu o antigo pavilhão gimnodesportivo da vila para a Cruz Vermelha depositar eletrodomésticos, desde frigoríficos a máquinas de lavar roupa e micro-ondas, que serão depois utilizados no apetrechamento das casas reconstruídas nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Viseu, afetados pelo incêndio de junho de 2017, que causou 66 mortos e destruiu centenas de habitações.
Também a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) afirmou que os bens armazenados num espaço cedido pela Câmara Municipal de Pedrógão Grande destinam-se ao apetrechamento de casas reconstruídas, estando ainda 32 habitações em "processo de conclusão".