Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Quaresma

Santarém: Bispo lembra obrigação de denunciar violência doméstica, exploração e escravatura

01 mar, 2019 - 13:27 • Ecclesia

“Admitir agressões violentas como gestos de fidelidade amorosa não é próprio de pessoas civilizadas, com educação e respeito pela vida humana”, escreve D. José Traquina.

A+ / A-

O bispo de Santarém alerta na sua mensagem da Quaresma 2019 para “a violência doméstica, a morte de mulheres, exploração humana e escravatura”, lembrando a obrigação “de denunciar as injustiças”.

“A preocupação cresce pelo número das mortes de mulheres por violência doméstica e por sabermos da cultura da violência entre os jovens. Admitir agressões violentas como gestos de fidelidade amorosa não é próprio de pessoas civilizadas, com educação e respeito pela vida humana”, escreve D. José Traquina, num texto enviado à Agência Ecclesia.

Para o bispo de Santarém “é urgente sensibilizar” toda a população para “o cuidado do outro” e para a “responsabilidade da edificação da sociedade”, uma vez que, encorajar denúncias, exigir polícia operacional e uma justiça eficiente “é necessário, mas insuficiente”.

O também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, dos bispos católicos portugueses, considera que as notícias sobre a violência doméstica, a morte de mulheres, exploração humana e escravatura, são sintoma de um “ambiente familiar e social” que se tem degradado.

“Foi espalhado o medo do acolhimento a estrangeiros, por razões de segurança, e agora, a insegurança, o medo e a violência instalou-se entre os portugueses e nas suas próprias casas”, observa.

D. José Traquina apela à “formação da consciência, a partir da infância, e manter um acompanhamento de qualidade e interesse de uns pelos outros” porque uma sociedade “não pode ser considerada desenvolvida” só porque tem “uma economia a crescer e bens de consumo de fácil acesso”.

“Num tempo em que tanta gente se sente abandonada e agredida, é necessário olhar e interpretar a realidade humana e social com os critérios do Evangelho”, assinala.

O bispo sugere “a dimensão da escuta” para o tempo de preparação para a Páscoa, mais concretamente “do mundo e os seus problemas”, e “escutar a Palavra de Deus para discernir e definir opções”.

D. José Traquina assinala que a caminho quaresmal não se pode deixar de ter presente o “problema dos abusos de menores em contexto eclesial” e o encontro promovido pelo Papa Francisco sobre este tema, entre 21 e 24 de fevereiro.

“Os ministros do altar sabem que a sua vocação e missão exigem e supõem que haja vigilância, oração e cultivo da fidelidade a Cristo Bom Pastor, na fé, esperança e amor generoso”, assinalou.

Lembrando que “o pecado tem uma dimensão coletiva” e que na sociedade “acontece o inconcebível de pecados que são crime”, o bispo de Santarém salienta que todos têm “a obrigação de denunciar as injustiças”, “sob pena” de serem cúmplices.

A Quaresma é um tempo de 40 dias marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, este ano dia 21 de abril,

Neste contexto, as dioceses dinamizam a sua renúncia quaresmal e a de Santarém vai apoiar o povo da Venezuela, através da Cáritas local depois de ter recolhido mais de 16 mil euros (16 887,26) em 2018.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+