Tempo
|
A+ / A-

Procura por médicos portugueses lá fora mostra ineficácia do SNS, diz Ordem

28 fev, 2019 - 15:59 • Agência Lusa

Bastonário diz que procura por profissionais portugueses é "boa notícia" e que "a má notícia" é "não estamos a ter capacidade concorrencial com estes países”.

A+ / A-

A procura de médicos portugueses por parte de países estrangeiros testemunha a qualidade dos profissionais, mas demonstra a ineficácia do Governo em fixar os clínicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), defende a Ordem dos Médicos.

Uma empresa está a recrutar médicos de Portugal, Espanha e Itália para trabalharem na Arábia Saudita, procurando profissionais com cinco a 10 anos de experiência para 24 especialidades diferentes.

Segundo o anúncio publicado na Internet e já enviado diretamente a alguns médicos portugueses pela plataforma Linkedin, um grupo de saúde na Arábia Saudita está à procura de especialistas em emergência médica, cirurgia plástica, dermatologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, pneumologia, entre outras especialidades.

Esta quinta-feira, o "Jornal de Notícias" avançou também que o Governo galego está a tentar contratar médicos de família e pediatras portugueses, oferendo o dobro dos salários praticados em Portugal. Também na bolsa de emprego da Ordem dos Médicos há anúncios a procurar médicos para países como a Irlanda, a Inglaterra ou a França.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, estes pedidos para “contratar médicos, seja por parte da Galiza, da Arábia Saudita ou de outros países” são uma “boa notícia”.

“É sinal que os médicos portugueses são bons médicos, têm uma excelente formação e são respeitados a nível internacional”, disse Miguel Guimarães à Lusa.

“A má notícia é que o Ministério da Saúde e o Governo assistem a isto e não se conseguem adaptar àquilo que é a realidade atual que é termos um país de portas abertas para a Europa e para o resto do mundo e não estamos a ter capacidade concorrencial com estes países”, nomeadamente aplicando “as regras que já existem e eventualmente melhorar os incentivos”, sublinhou.

Apesar de reconhecer que as remunerações de países como da Arábia Saudita ou até mesmo de países da Europa ocidental serem “difíceis de concorrer por parte do Governo português”, o bastonário afirmou que “há uma coisa que não é difícil que é aplicar na prática a carreira médica que não está a ser aplicada” e os concursos não demorarem demasiado tempo.

No seu entender, se os concursos funcionassem bem seria uma “motivação forte” para os médicos ficarem no SNS, assim como seria importante haver “uma política de incentivos adequada”, nomeadamente para as regiões mais periféricas e desfavorecidas onde faltam médicos em várias especialidades.

“Nada está a ser feito para que possamos fixar os jovens valores no nosso país e sobretudo no SNS, onde fazem muita falta e podem dar uma capacidade de resposta aos SNS mais adequadas às necessidades dos doentes e da população”, sustentou.

O bastonário dos médicos lamentou que o Governo “não tome a dianteira”, criando as condições de trabalho adequadas para que os médicos fiquem a trabalhar em Portugal.

Por outro lado, “o respeito que a tutela demonstra relativamente aos médicos que fazem todos os dias o Serviço Nacional de Saúde leva a que muitos jovens vão trabalhar para outros países ou fiquem apenas a trabalhar no setor privado”.

Para Miguel Guimarães, “é tempo de o Governo e dos deputados na Assembleia da República fazerem alguma coisa, mudarem as condições de trabalho”, porque esta situação atinge todos os profissionais de saúde que “fazem falta ao país ao Serviço Nacional de Saúde e que veem goradas as suas expectativas de ficarem” a trabalhar no seu país.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Luis Afonso Antonio
    11 mar, 2019 Ermesinde 15:14
    Este homem vive numa realidade diferente e ele até deveria estar calado pois os mais de €5000,00 euros mensais que recebe já é por si só algo de ridículo...
  • Filipe
    28 fev, 2019 évora 19:05
    Este homem ou é extra terrestre ou não sabe o que anda a fazer na Terra . Ora , se o ordenado mínimo nos outros países são mais elevados , todos os outros ordenados estariam na proporção , não será assim ? Então não se percebe porque tanta admiração . Se um país com um ordenado mínimo inferior a Portugal contratasse médicos por valor superior de ordenado pago em Portugal , então é que era caso para ficar de boca aberta ...

Destaques V+