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​"António Costa não é o PS e o PS não é António Costa", diz líder da UGT

14 fev, 2019 - 00:29 • Eunice Lourenço (Renascença) e Helena Pereira (Público)

Em entrevista à Renascença e ao “Público”, Carlos Silva acusa o primeiro-ministro de arrogância e de ter feito um ataque à UGT como nunca tinha visto.

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O líder da UGT centra as suas críticas no primeiro-ministro que está há meses para marcar uma reunião consigo. Carlos Silva considera mesmo que António Costa tem privilegiado as relações com a CGTP.

Sexta-feira, o primeiro-ministro esteve reunido duas horas com o secretário-geral da CGTP. Foi convocado para alguma reunião?
Não. Mas não sei de quem partiu a iniciativa para essa reunião. Há mais de um ano que ando a dizer ao primeiro-ministro que era necessário que reuníssemos para abordar estas matérias, a começar pelos professores. No dia de assinatura do acordo da concertação social em julho do ano passado, o primeiro-ministro disse para aguardarmos e continuamos a aguardar. Percebo que há aqui uma certa tentativa de apaziguamento da esquerda parlamentar que apoia o Governo e de ter paz social do lado da CGTP, onde normalmente não costuma existir. Não digo que a CGTP esteja quieta e muda, mas nos últimos tempos não se vê grande agitação.

Há aqui uma relação preferencial com a CGTP ou são tiques de arrogância do primeiro-ministro e tudo isto é um acumular de situações?
Há um cúmulo de situações que vêm do passado. O tiro de partida para um certo afastamento foi logo após a criação desta solução governativa em que eu transmiti a minha opinião sobre o acordo à esquerda. Houve reposição de direitos e tenho que elogiar o Governo. Mas há uma determinada altura a partir de 2017 em que se verifica uma redução dessa reposição.

Está a dizer que sente uma retaliação por parte do primeiro-ministro?
Não. Digo que algum sentimento de orfandade pode vir daí. Não tenho falado com o secretário-geral, que conheço desde o tempo da juventude, mas percebo que nestas coisas os amigos estão de um lado e aqueles que não são amigos estão do outro. No PS houve uma situação em que houve dois lados distintos que foi a batalha interna entre António Costa e António José Seguro e eu estava do lado de António José Seguro.

Sente que isso hoje ainda pesa?
Sim, pelo menos, em relação à minha pessoa. Nunca senti da generalidade dos militantes e membros do Governo qualquer ostracismo. Mas já devia ter sido recebido pelo primeiro-ministro de um modo formal. A última vez que estive com ele foi por ocasião da visita a Lisboa do secretário-geral da confederação europeia de sindicatos, em novembro. Estou também há vários meses a aguardar que o secretário-geral do PS marque na sua agenda uma data para reunir o congresso da tendência sindical socialista. Temos andado nisto desde novembro. É neste sentido que nos sentimos arredados do diálogo político por parte do líder.

E sente que há uma relação preferencial com a CGTP.
Tenho sentido uma relação preferencialíssima. Não temos visto a CGTP tão aguerrida, a não ser no caso dos professores. Na questão dos enfermeiros, tem estado parada.

Há uns meses, numa entrevista, dizia que não se assustava com maiorias absolutas. Ainda mantém que gostaria que o PS tivesse maioria absoluta nas próximas legislativas? Apesar destes episódios de arrogância de que fala?
Sou defensor da estabilidade política e governativa. A arrogância é apenas do líder. Ele não é o PS e o PS não é o António Costa. O PS é muito mais do que o seu secretário-geral, assim como a UGT é muito mais do que eu.

O PS com maioria absoluta seria um PS mais livre, em relação aos outros partidos de esquerda?
Seria mais livre para tomar decisões dentro da sua linha política de sempre e dentro da sua filosofia social-democrata. É um partido integrador.

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  • Maria Helena Carvalho
    14 fev, 2019 Lisboa 01:45
    Porque é que os Sindicatos não dizem abertamente o que querem e pretendem ver aprovado? É segredo? Os Sindicatos, em Portugal, já têm idade para saberem o que querem - para lá de negociações extravagantes ou oportunistas. Maria Helena

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