30 jan, 2019 - 16:34 • Tiago Palma
Com quase seis séculos de história, e sendo um dos locais mais visitados do mundo, com milhares de pessoas a percorrê-lo todos os dias, conta-se pelos dedos o número de meses em que Machu Picchu, a "cidade perdida dos Incas", no Peru, teve acessos para pessoas com paralisia dos membros inferiores e que, portanto, necessitam de utilizar uma cadeira de rodas para se deslocar.
Agora, a empresa “Wheel the World” propõe-se tornar Machu Picchu, que se encontra a mais de 2.400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, visitável a todas as pessoas portadoras de deficiência motora.
Tudo começou para a “Wheel the World” não no Peru mas no Chile. Alvaro Silberstein, deficiente motor, e o amigo Camilo Navarro, ambos chilenos e estudantes de gestão na Universidade de Berkeley, na Califórnia, propuseram-se visitar o Parque Nacional Torres del Paine, na Patagónia, que tal como Machu Picchu, fica situado numa encosta montanhosa.
Para tal, e por forma a facilitar a visita a Alvaro, resolveram desenvolver uma cadeira de rodas retrátil e leve – composta sobretudo por alumínio –, adaptada a este tipo de trajetos, projeto esse que foi financiado através de uma campanha de “crowdfunding” na Internet.
Desenvolvida a cadeira, e desenvolvida a empresa “Wheel the World”, Alvaro e Camilo resolveram levar o projeto a outros deficientes motores e a outros países: depois do Chile o México, depois do México, agora, o Peru.
“As visitas são muitas vezes ‘acessíveis’…. mas não são inclusivas. Há milhões e milhões de pessoas no mundo com deficiência. Mas não há uma só companhia de viagens dedicada a elas”, explicou à CNN Camilo Navarro.
Agora, os dois chilenos querem tentar baixar os custos de uma viagem a Machu Picchu, parte destes, explicam, relacionada com o próprio custo de construção de uma cadeira adaptada a este tipo de percurso íngreme e sinuoso. Uma viagem de quatro dias a Machu Picchu através da "Wheel the World" custa cerca de 1.500 dólares.
Outro problema com que a "Wheel the World" se depara tem que ver com a dificuldade em adaptar os percursos; em muitos destes locais, seculares e protegidos ambientalmente, instalar novas estruturas “exige muita criatividade”. Ainda assim, Camilo Navarro garante que a empresa “tem sido contactada por muitos outros parques naturais” para desenvolver o mesmo tipo de projeto.