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Propinas pagas por empresas para reduzir “custos diretos das famílias”?

23 jan, 2019 - 06:02 • Lusa

Ministro do Ensino Superior defende "estrutura de financiamento obviamente diferente" e uma aposta na formação contínua.

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“Temos, sobretudo, de estimular e provocar os empregadores a incentivarem a formação ao longo da vida.” O ministro do Ensino Superior defende a aposta em pós-graduações e mestrados pagos pelos empregadores, alterando assim o financiamento destas instituições e a redução dos “custos diretos das famílias”.

“Não é algo que se faz por decreto, é algo que se faz com empresas, com empregadores e com a administração pública”, defendeu Manuel Heitor na terça-feira, em declarações à agência Lusa, à margem de uma conferência sobre a política europeia para o setor, em Bruxelas.

Numa altura em que se discute o fim das propinas, o ministro defendeu “a necessidade de alargar a penetração do ensino superior em Portugal”, deixando de se centrar apenas em licenciaturas.

“Isso requererá, na próxima década, reduzir os custos diretos das famílias, ao mesmo tempo que modernizamos e transformamos gradualmente a estrutura, quer de financiamento, quer de operação”, acrescentou, sugerindo a aposta em cursos de pós-graduação e de mestrado.

Urge, portanto, “estimular uma estrutura do ensino superior que deixa de estar focada na formação inicial para diversificar e especializar em muitas áreas, sobretudo, na área da pós-graduação, o que tem consequências importantes para alterar a estrutura de financiamento das instituições de ensino superior”, defendeu Manuel Heitor.

Atualmente, “o ensino superior em Portugal tem uma estrutura de financiamento baseada, sobretudo, na formação inicial, porque [Portugal] tem a população estudantil mais jovem da Europa, com uma idade média dos estudantes de 25 anos, [enquanto] noutros países do Norte da Europa [é de] 41 anos”, observou.

Para Manuel Heitor, o “grande desafio da sociedade portuguesa” é, assim, passar-se para “uma estrutura de financiamento obviamente diferente e também [para] uma maior contribuição quer daqueles que beneficiam diretamente, quer sobretudo dos empregadores”.

O ministro do Ensino Superior garante, contudo, que o Estado vai “continuar a financiar o ensino superior”.

O fim das propinas tem vindo a ser defendido por dirigentes do PS, do BE, do PCP. Sobre esta questão, o Presidente da República, Marcelo da Rebelo de Sousa, já disse concordar "totalmente" com a ideia de se caminhar para o fim das propinas.

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  • José Cruz Pinto
    23 jan, 2019 Ílhavo 15:08
    "O ministro do Ensino Superior defende a aposta em pós-graduações e mestrados pagos pelos empregadores, ..." [Muito bem, e definidos e escolhidos por eles também?]. "Urge, portanto, estimular uma estrutura do ensino superior que deixa de estar focada na formação inicial para diversificar e especializar em muitas áreas, sobretudo, na área da pós-graduação, ...". Bom, ... vamos lá ver se isto não vai querer significar que o importante passará a ser oferecer formação "pós-graduada", dirigida e "super-especializada", a empregados e empresários "não graduados" em coisa absolutamente nenhuma, que só precisem de saber ler, ... ou talvez nem isso.

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