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​Portugal pode perder mais de um milhão de empregos até 2030

17 jan, 2019 - 00:00

O dado é de um estudo que será apresentado esta quinta-feira, numa conferência organizada pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal. A indústria transformadora é um dos setores mais ameaçados pela automação e robótica.

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“Nos próximos dez anos, vai haver uma transformação muito profunda do emprego no nosso país", diz Pedro Duarte
“Nos próximos dez anos, vai haver uma transformação muito profunda do emprego no nosso país", diz Pedro Duarte

Mais de um milhão de empregos podem perder-se, até 2030, em Portugal. Os dados são de um estudo sobre o futuro do emprego que vai ser divulgado esta quinta-feira, numa conferência organizada pela CIP sobre o futuro do trabalho.

Pedro Duarte, coordenador do Conselho Estratégico da CIP para a economia digital, reconhece que o estudo, feito pela consultora McKinsey e pela Universidade Nova, “tem uma vertente um bocadinho alarmante”, mas acredita que será possível dar a volta à situação.

“Durante próximos dez anos, vai haver uma transformação muito profunda do emprego no nosso país. Comparativamente com os outros países, vamos sofrer de uma forma mais acentuada esta mudança. O perfil da nossa economia é mais fortemente baseado em tarefas rotineiras, na indústria transformadora, que são os empregos mais impactados pela automação e robótica, pela digitalização. Prevê-se que até 2030, possam perder-se 1,1 milhões de empregos”, diz Pedro Duarte, em entrevista ao programa Hora da Verdade.

“Há um outro lado. As novas tecnologias vão criar também novos empregos e o estudo prevê que isso possa ir dos 600 mil a 1,1 milhão e, num cenário muito positivo, do ponto de vista líquido, haverá uma situação igual à que temos hoje”, acrescenta o ex-deputado e gestor da Microsoft. Mas, avisa, “não chega confiar nisso”, é preciso trabalhar e depressa.

“Temos de olhar para este tempo como uma oportunidade. Se nos anteciparmos aos outros países, se formos mais rápidos e eficazes, podemos gerar mais empregos do que aqueles que vamos destruir. Podemos dar melhores salários aos empregos que temos no nosso país”, defende Pedro Duarte, que aponta a necessidade de formação e um Estado forte como critérios essenciais para Portugal vencer este desafio.

“Em primeiro lugar, devíamos apostar na educação e formação, requalificar a sociedade portuguesa em massa. É urgente um fortíssimo plano nacional de requalificação e mudar o sistema de ensino em várias áreas. Em segundo lugar, uma aposta fortíssima na economia digital. Os poderes públicos devem ser um incentivador e facilitador, de várias formas, como na área fiscal”, aconselha.

Em terceiro lugar, aponta, é necessário repensar o sistema de proteção social. “Nos próximos anos, vamos precisar do Estado mais do que em qualquer outro momento da história da humanidade. O Estado vai ser crítico e fundamental para continuarmos a viver em sociedade.

As falhas de mercado associadas a esta nova economia são gigantescas. Vamos precisar de um Estado eficaz e com muita capacidade de intervenção. Mas não é um Estado que se consuma a si próprio, mas muito mais flexível, ágil. Em relação ao emprego, temos que olhar menos para a proteção dos empregos e mais para a proteção dos cidadãos. As mudanças vão ser muito rápidas”, conclui Pedro Duarte numa entrevista em que fala sobretudo da crise que se vive no PSD.

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