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Governo prepara requisição civil para acabar com greve dos estivadores

14 dez, 2018 - 07:30

A notícia é avançada pelo "Jornal Económico". A administração da Autoeuropa admite, por sua vez, parar por tempo indeterminado.

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O Governo admite avançar com a requisição civil para colocar um fim à greve dos estivadores no porto de Setúbal.

A notícia é avançada pelo "Jornal Económico", que escreve que António Costa vai mandar analisar a lei para tentar levantar o bloqueio do porto de Setúbal, que está a pôr em causa a produção na Autoeuropa e noutras empresas.

A administração da Autoeuropa admite, por sua vez, parar por tempo indeterminado. De acordo com a SIC-Notícias, a ordem terá chegado da Alemanha e a fábrica de Palmela já terá começado a notificar os fornecedores para que cessem as entregas de componentes.

Nesta altura, a Autoeuropa tem 22 mil viaturas parqueadas à espera de transporte.

Requisição civil justifica-se, diz especialista

“Se perante aquilo que está a acontecer nos estivadores, não estamos perante uma situação excecional que justifique o recurso à requisição civil, então eu diria que a requisição civil é um instituto morto, porque não serve para coisíssima nenhuma”, diz Luís Gonçalves da Silva à Renascença.

Este especialista em Direito do Trabalho, explica que “a requisição civil pode ser feita sobre pessoas ou bens – no caso concreto, quaisquer pessoas maiores de 18 anos. Saber se têm ou não contrato de trabalho é irrelevante para o recurso à requisição civil”.

A maior parte dos trabalhadores do porto de Setúbal é contratada ao dia. E se algum se recusar a trabalhar mesmo com a requisição civil?

“A requisição civil cria um vínculo entre os trabalhadores requisitados e o Estado. Tem sido comum que seja o regime da função pública e, portanto, em caso de incumprimento podemos estar perante o crime de desobediência e pode haver um conjunto de sanções para as pessoas que incumpram as medidas de requisição civil”, explica Luís Gonçalves da Silva.

O especialista defende ainda a utilização da requisição civil no caso da greve dos enfermeiros. “Com os últimos dados sobre os efeitos, eu creio que a requisição civil também se justificaria nessa situação”, afirma.

“Podemos recorrer à requisição civil em caso de incumprimento dos serviços mínimos, mas também, na minha opinião, poderemos recorrer à requisição civil genérica. Nos dois setores [estivadores e enfermeiros] há uma situação de emergência nacional que justifica uma intervenção de autoridade e eu acho que o instituto adequado é a requisição civil”, defende.

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  • Grevista Velho
    14 dez, 2018 Cá no burgo 15:17
    Quer dizer que o governo até podia requisitar o mecânico da esquina, bastava ele passar ao alcance dos recrutadores, se não era "desobediência" não? Este tipo estudou onde? Este Luís Gonçalves da Silva, dito "especialista de direito de trabalho", é na realidade um boy do PS a tentar ser um jagunço legal do governo e convencer ou assustar o pessoal com o "papão" da requisição civil. Pena que aqui a renascença não tenha pedido a opinião de Garcia Pereira, esse sim, um verdadeiro especialista em Direito do Trabalho, que deve estar a dar grandes gargalhadas depois de ter lido o que este boy diz aqui à RR
  • jose
    14 dez, 2018 Arrouquelas 15:08
    requisição civil não tem nada a ver com contratos são chamadas as pessoas que lá trabalharão para vir ali prestar serviço caso não tenham uma justificação para não vir e considerado crime
  • Cidadao
    14 dez, 2018 Lisboa 10:47
    Mas vão requisitar quem, se eles são todos eventuais, ou seja são chamados por SMS para um turno de 8 ou mais horas e despedidos no fim desse turno, sendo readmitidos no dia seguinte nas mesmas condições? Não têm qualquer contrato ou vínculo, e se quiserem ir trabalhar para a pesca, podem fazê-lo. O governo vai requisitar quem?

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