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150 mil peças de Lego fazem a “Cidade de Natal” em Bragança

03 dez, 2018 - 11:44 • Olímpia Mairos

A exposição “Cidade Natal em Lego” é de dois colecionadores e apaixonados pelo famoso brinquedo: Miguel Pimentel Miranda, com apenas 10 anos, e Fernando Pimparel. Alguns exemplares em exposição ficaram entre os 150 e os 300 euros.

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Miguel, o "Legoman", mostra “cidade Natal” feita em Lego
Miguel, o "Legoman", mostra “cidade Natal” feita em Lego

Em Bragança há uma “Cidade Natal em Lego”. A exposição é iniciativa de dois naturais da terra, dois colecionadores e apaixonados do famoso brinquedo, Miguel Pimentel Miranda e Fernando Pimparel.

Miguel, tem 10 anos e teve o primeiro Lego aos dois anos e apaixonou-se pelo brinquedo oferecido pelo pai. “A minha mãe foi a uma consulta no Porto e o meu pai, para me entreter, deu-me logo um Lego. Era um todo terreno, com motas e atrelado, e, desde aí, comecei a construir. E agora temos aqui esta paixão”, conta efusivamente.

Miguel já perdeu a conta ao número de peças que possui e que espalha por toda a casa, mas considera que são a sua “família”, que “cuida bem” e com quem estabelece diálogos. “Quando estou a construir, parece que estou num sonho. Sigo as instruções, mas, às vezes, sigo a minha imaginação...”, diz Miguel, assegurando que quer continuar a fazer construções.

Miguel é meticuloso nas suas construções e não esquece os pormenores, desde a mobília nas casas, aos motores nos automóveis ou a lancheira na bagagem para um piquenique. “É divertido de construir e muito bonito de se ver”, garante.

A exposição é a segunda de Miguel Miranda. E a criança está feliz. “Eu sinto-me feliz”, conta. E prossegue: “Eu já fiz uma exposição em Miranda do Douro, mas está é muito mais... Eu, depois da minha primeira exposição, disse ‘eu tenho que fazer uma exposição cá em Bragança com o meu amigo Pimparel’. E aqui está ela”, conta.

O amigo de Miguel é Fernando Pimparel que “já tinha tido vários convites para expor em Lisboa, Viana do Castelo, Braga ou Porto”, mas o desejo de fazer a primeira exposição “na terra”, na sua cidade, fê-lo recusar todos os convites. “Não era um objetivo expor em outras cidades, senão aqui. E estou feliz por isso, por poder mostrar a todos os brigantinos e pessoas que se deslocarem aqui, o que se pode fazer com este brinquedo”, afirma à Renascença.

A paixão pelos legos já vem de longe. Aos seis anos, Fernando recebeu “a primeira prenda” da mãe e “foi uma caixa de legos e, a partir daí, foi desmontar, montar e pronto”. Começou a fazer por manuais e, mais tarde, a transformar as peças naquilo que imagina.

“Neste momento, como tenho mais possibilidade de ter mais capital, é para investir no brinquedo e mantém-se a paixão ainda mais viva que quando era criança”, observa o colecionador, acrescentando que “sem exagerar, são aproximadamente meio milhão de peças”.

Pimparel, neste momento com 48 anos de idade, refere que os legos são “uma grande paixão, um grande investimento e muitos anos de dedicação” e conta que guarda as peças “com muita organização, em vitrinas, em caixinhas plásticas, para não se danificarem, para não apanharem pó”.

Uma paixão que não sai barata, já que “há peças que vão dos três cêntimos aos 30 e 40 cêntimos. A média das peças que temos aqui rondará os 10 a 11 cêntimos”, revela. Alguns dos exemplares em exposição ficaram em 150 euros, outros em 180 euros e há uma moradia que ficou em 300 euros.

“Com o Lego é possível fazer o que a imaginação nos permitir. Eu consigo transportar para o brinquedo o que a imaginação me der”, assegura Pimparel, que já contagiou a filha, Maria João, de 12 anos. Algumas peças patentes na exposição contaram mesmo com a sua colaboração.

“Gosto muito de fazer legos e é a prenda do meu pai”, diz à Renascença, acrescentando que, às vezes, constrói sozinha outras vezes com o pai. “Construo o que imagino, outras vezes faço pelo folheto. Muitas vezes até ponho música e ponho-me a fazer os legos, sinto-me bem e gosto muito”, afirma.

Uma cidade onde nada falta

Na “cidade Natal em Lego”, construída com cerca de 150 mil peças, podem encontrar-se todos os serviços que há numa cidade. Miguel Miranda é o cicerone de serviço e cheio de entusiasmo faz-nos percorrer cada setor da exposição, apresentando em pormenor cada peça.

A visita começa assim: “Olá, eu sou o Miguel, sou o Logomen, tenho 10 anos, e vou apresentar-vos e explicar as construções mais importantes, as principais, desta cidade Natal em Lego”. E prossegue: “Temos cinema, restaurante, um hotel, o banco, o aeroporto de Bragança, que eu trato assim, a pista do comboio, mais ao fundo, a nossa cidade Natal em Lego, carros de muitas marcas, como por exemplo, o autocarro de Londres, os minis, os barcos, o hospital, o shopping, o quartel dos bombeiros, a roda gigante, três carroceis, o comboio de Natal, as bombas de gasolina, parques de diversão, o mercado ... Até temos aviões pelo céu a voar, é a nossa imaginação”, descreve Miguel cheio de entusiasmo.

Há também réplicas de modelos de carros emblemáticos e dos edifícios mais conhecidos do mundo, desde a Casa Branca à Torre Eiffel, a casa assombrada e muito mais.

Fernando Pimparel acrescenta que tinham “cerca de 400 mil para expor, mas, devido ao espaço, foi preciso limitar”. “Estão aproximadamente aqui 150 mil peças. É muita construção. É muito tempo. Todo o cenário foi construído aqui. Trouxe as peças de casa e foi montado mediante o espaço que nos foi cedido. A única coisa que veio já montada foram os edifícios e parte das viaturas. O resto foi tudo criado aqui, neste espaço, que a Câmara nos cedeu”, conta.

Se tivesse que escolher apenas um dos edifícios presentes na exposição, Fernando Pimparel ficava com a Casa do Trabalho de Bragança. “É a menina dos olhos, é a instituição que eu represento há 25 anos e à qual dedico parte da minha vida. Esta casa acolhe meninos de classes desfavorecidas e este projeto, que me levou algum trabalho, mas que me deu mais prazer, em termos sentimental e em questões de valor, é para oferecer à Fundação Casa do Trabalho”, revela.

A paixão dos colecionadores vista pelos pais

Paula Pimentel acompanha o filho Miguel na abertura da exposição no Mercado Municipal de Bragança. Com o olhar vai seguindo a criança, o sorriso constante espelha a alegria e a felicidade pelo feito do Miguel e pelos muitos elogios que recebe por parte dos muitos visitantes.

“Já me mentalizei. No início eu achava que eram legos a mais lá em casa, não tínhamos espaço para legos. Agora já me acomodei à ideia que realmente é para continuar, porque é uma paixão que está à vista de todos e ele diverte-se imenso sozinho. Ele diz que é a companhia dele, que nunca se sente só, é filho único e diz que são os irmãos dele”, conta à Renascença

Na escola, Miguel é um excelente aluno e a mãe acredita que os legos também ajudam e são importantes para o desenvolvimento do filho. “Quando acaba uma construção já está a pensar noutra. Agora está a iniciar a coleção do Harry Potter que, paralelamente às construções, tem os livros, tem que ler, tem que conhecer as histórias e tudo isso também ajuda, de certa forma, a que ele tenha outra facilidade na escola, com outros temas e outras áreas, nomeadamente como a área da matemática”, refere.

Paula Pimentel admite que esta “paixão custa caro”, mas explica que “a família toda colabora, senão seria impossível”, acrescentando que o Miguel “nunca foi criança de fazer birras a dizer que quer. E por ele ser tão dócil e tão meigo e compreensivo, as pessoas também acabam por compensá-lo, dando mais legos”.

Em relação à exposição, em Bragança, “está muito orgulhoso e nós também. Esta adesão e quantidade de pessoas está a ser muito bom, porque nota-se que há muita gente a gostar deste brinquedo”, conclui Paula Pimentel.

Já Maria Augusta, mãe de Fernando Pimparel, manifesta-se “orgulhosa e feliz”, à medida que percorre a exposição. Conta que os legos “são mesmo a paixão” do filho que se dedica “às construções há muitos anos” e para a qual muito contribuiu, ao dar-lhe “sempre legos de prenda”. “Isto é um trabalho fora de série”, exclama, à medida que contempla alguns dos edifícios expostos.

Surpreendido com a grandiosidade e beleza da cidade Natal em Lego manifestou-se também o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias. “É uma satisfação muito grande, porque, em primeiro lugar, é feita por duas pessoas de Bragança, e, depois, porque a exposição é fabulosa e, por isso, convido toda as pessoas a visitarem, porque, realmente, vale mesmo a pena”, refere o autarca em declarações à Renascença.

As expetativas foram de todo ultrapassadas no dia de abertura da cidade Natal em Lego. Centenas e centenas de pessoas, provenientes de vários lugares, acorreram ao Mercado Municipal, para visitar a exposição e algumas tiveram mesmo que esperar algum tempo na fila para entrarem no espaço e percorrem as diversas construções que estão expostas até ao dia 6 de janeiro.

A minha cidade Natal em Lego faz parte do evento “Bragança Terra Natal e de Sonhos”.

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