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“Na poesia de um céu estrelado”. Cinzas de quase 100 pessoas levadas para o Espaço

03 dez, 2018 - 14:29 • Tiago Palma

A última vontade de James, entusiasta do Espaço, não se previa de fácil resolução: queria que as suas cinzas repousassem lá em cima. Literalmente lá em cima, na órbita terreste. A troco de 2.500 dólares, uma empresa, a Elysium Space, vai concretizar o seu sonho.

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James Eberling, americano da Califórnia, sempre foi um entusiasta do Espaço. Volta e meia, James esgueirava-se para as imediações de uma base da Força Aérea, em Vandenberg, só para fotografar descolagens. Morreu em 2016. Tinha 36 anos.

Antes de partir, deixou expressa aos pais uma derradeira vontade: queria, depois de cremado, que as suas cinzas fossem largadas no Espaço, um desejo que não se previa de fácil solução para a sua mãe.

Beverly procurou, em vão, soluções. Sabia que antes já as cinzas de outros haviam sido postas em órbita. O ator James Doohan, conhecido por interpretar o papel de Montgomery Scott na série Star Trek, por exemplo, teve-as em 2012. O astronauta Gordon Cooper igualmente. Seguiam com eles os restos mortais de outras 320 pessoas. Isto em 2012. Antes, em 1998, o astrónomo Eugene Shoemaker teve as suas cinzas espalhadas na superfície lunar como parte de uma missão espacial da NASA.

Um mês de incessante procura depois, Beverly Eberling descobriu a startup Elysium Space, que se propunha a enviar, em troca de 2.500 dólares, os restos mortais de James para o Espaço, depositando-os numa pequena (de quatro polegadas apenas) cápsula quadrangular.

A cápsula vai seguir esta segunda-feira a bordo do foguetão SpaceX Falcon 9, da empresa Spaceflight – e não viajarão somente cinzas a bordo, mas também 34 diferentes satélites governamentais ou empresariais. Prevê-se que fique em órbita durante aproximadamente quatro anos, até voltar a entrar na atmosfera terrestre e se despenhar.

Beverly Eberling não foi a única a comprar a ideia. Quase cem outras famílias investiram dinheiro para verem ser levadas no SpaceX cinzas de veteranos do Exército, de outros entusiastas aeroespaciais como James, assim como os de todos aqueles cujas famílias querem “celebrar um ente querido na poesia de um céu estrelado”, explica a Elysium Space.

Depois de sucessivos adiamentos, a família de James Eberling foi informada de que a missão teria finalmente lugar no dia 19 de novembro, precisamente dois anos após a morte do filho.

Tudo foi preparado. Na cápsula onde seguiriam parte das cinzas de James foram gravadas as suas iniciais e a seguinte frase: “James, foste uma águia presa à terra – que ascendas agora através dos céus”. Mas chegada a altura, a missão da Elysium Space voltou a não acontecer.

Agora, tudo indica que o foguetão SpaceX vai partir esta segunda-feira para o Espaço. “Estamos muito felizes por conceder [a James] esta derradeira vontade", sublinha Beverly à CNN. "É muito importante para mim e para o meu marido podermos fazer isto pelo James. Tenho a certeza de que, onde quer que esteja, ele está muito, muito feliz por saber que isto vai finalmente acontecer.”

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