18 nov, 2018 - 21:44
O Presidente da República recorda o general Loureiro dos Santos, que morreu no sábado, como "um patriota", uma "personalidade consensual" nas Forças Armadas e no país e um "pensador de Portugal e do mundo".
"É uma grande perda, mas deixa um exemplo, um exemplo muito importante nestes tempos em que o valor da Pátria, da identidade nacional e da independência nacional, do prestígio e do respeito das forças Armadas são valores essenciais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas quando foi apresentar condolências à família do general, na capela da Academia Militar, em Lisboa, pouco depois de regressar a Lisboa, vindo da Guatemala, onde participou na Cimeira Ibero-Americana.
O chefe de Estado prestou homenagem ao militar, que teve um papel essencial na transição democrática e na "institucionalização das Forças Armadas" no período pós-revolucionário e como "pensador de Portugal e do Mundo".
E comparou Loureiro dos Santos ao filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, que também se deslocou à capela para apresentar condolências à família.
Considerando Loureiro dos Santos uma personalidade que "suscitava consenso nacional", Marcelo Rebelo de Sousa notou ainda a sua coragem e frontalidade, afirmando que "se discordava ao ponto de sair, saía, o que aconteceu várias vezes", como aconteceu com o caso da chamada "lei dos coronéis", em que se demitiu de Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME).
Num comentário à ausência de representantes dos partidos no velório, Marcelo disse acreditar que "certamente" estarão amanhã "para as cerimónias fúnebres", porque "se há hoje democracia partidária em Portugal isso deve-se largamente ao general Loureiro dos Santos".
Pelo velório passaram ainda Jorge Lacão, vice-presidente do parlamento, em representação de Ferro Rodrigues, que se encontra na China; o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho; o major Mário Tomé, militar de Abril e antigo deputado da UDP e o ex-titular da pasta da Defesa do PSD Figueiredo Lopes, além de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, ou o ex-Presidente da República Ramalho Eanes.
Da hierarquia militar estiveram o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Silva Ribeiro, e o atual CEME, general Nunes da Fonseca.
O general José Loureiro dos Santos, antigo ministro da Defesa Nacional e ex-chefe do Estado-Maior do Exército, morreu no sábado em Lisboa, vítima de doença.
Nascido em Vilela do Douro, concelho de Sabrosa, no distrito de Vila Real, em 2 de setembro de 1936, José Alberto Loureiro dos Santos foi ministro da Defesa Nacional entre 1978 e 1980 nos IV e V Governos Constitucionais, chefiados por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintassilgo, ambos executivos de iniciativa presidencial de Ramalho Eanes.
Militar do ramo de artilharia, Loureiro dos Santos foi vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, em 1977, e Chefe do Estado-Maior do Exército.