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encontro nacional da Pastoral Social

“Não se pode combater os abusos sem combater o clericalismo”

06 set, 2018 - 17:08 • Olímpia Mairos

Paróquias devem ser menos clericais e mais abertas. “A proximidade é o critério, é um desafio. Se a paróquia não é uma proximidade, não é paróquia”, refere o padre José Manuel Pereira de Almeida, secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

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O secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, padre José Manuel Pereira de Almeida, defendeu, esta quinta-feira, em Fátima, a necessidade da renovação das paróquias para que se tornem mais próximas e abertas. A renovação que o sacerdote preconiza passa também por uma “desclericalização da Igreja”.

“Uma Igreja clerical é aquilo que nós combatemos absolutamente. O clericalismo, como todos os autoritarismos, está na base de todos estes disparates de que, infelizmente, temos tido notícia”, refere o sacerdote.

Segundo o padre José Manuel Pereira de Almeida “não se pode combater os abusos, sem combater o clericalismo”.

“Combater o clericalismo é muito importante por parte dos padres, claro, do clero, e muito importante também por parte dos leigos, que, muitas vezes, também são clericalistas”, sublinha.

A paróquia deve ser “um lugar de proximidade” e, para tal, “tem que se reinventar a si própria, como o Papa Francisco nos recomenda”, afirma o sacerdote em declarações à Renascença, indicando que “há muitas experiências que já apontam caminhos novos”.

Segundo o sacerdote, “a proximidade é o critério, é um desafio” e o “o importante é fazer caminho”. E o caminho, clarifica, passa por “dar atenção às pessoas e não aos números”, aceitar “sair e perder, não ganhar”, aceitar “não ter sempre razão e acolher a todos”, aceitar “ser pobres e livres, frágeis e fortes, fortes nessa fragilidade”.

Paróquias que não vivam apenas da manutenção de si mesmas

Também o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina, sublinha, em declarações à Renascença, a necessidade de se avançar para a renovação das paróquias.

“A paróquia, entendida como comunidade, é um espaço onde a proximidade tem que acontecer, caso contrário não seria uma comunidade paroquial, seria uma comunidade cristã”, refere o prelado.

“É preciso aprofundar o valor da proximidade e o cuidado que é preciso ter, para que nesse espaço de proximidade se cultive o cuidado pelo outro em toda a sua dimensão, espiritual e material, o cuidado na atenção, no acompanhamento, na sensibilidade”.

Para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana torna-se também necessário ter presente “as diversas situações em que a paróquia se encontra - cidade, vila ou aldeia, dispersa”, para que “não aconteça simplesmente uma paróquia por tradição, tradicional, mas adequada às novas situações”.

O bispo de Santarém alerta ainda que a renovação passa pela consciência de que “as paróquias não são grupos fechados, não são bairros fechados nem aldeias fechadas”, mas que devem “estar abertas a dinamismo e ir ao encontro dos que necessitam e não apenas estar à espera”.

“Uma comunidade paroquial não vive apenas da manutenção de si mesma, de ser autorreferência, mas deve fazer propostas. E as propostas estão no acolhimento e na saída, na missão, assumir contactos novos”, conclui o prelado.

“A paróquia ainda é um lugar de proximidade?” foi a questão em debate no encontro da Pastoral Social que terminou esta quinta-feira, em Fátima.

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