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D. Francisco Senra Coelho critica "legalismo religioso" e manifesta "comunhão" com o Papa

02 set, 2018 - 20:48 • Ecclesia

Numa reflexão feita a partir das leituras da Eucaristia, o prelado lamentou que “atitudes fundamentalistas, soberbas, hipócritas e até violentas” reconhecidas “na história e na atualidade”.

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O novo arcebispo de Évora rejeitou este domingo o “legalismo religioso” que “deturpa e caricaturiza a verdadeira relação com a beleza de Deus”, e criticou “atitudes fundamentalistas” que aconteceram “na história e na atualidade” da Igreja.

“O legalismo religioso deturpa e caricaturiza a verdadeira relação com a beleza de Deus; no seu entendimento, cumpridas todas as regras e prescrições, Deus seria apenas chamado para apreciar e testemunhar o nosso esforço e para nos atribuir o prémio que reclamamos. Este orgulho leva à soberba da auto-suficiência, da auto-contemplação e da auto-salvação”, afirmou D. Francisco Senra Coelho durante a homilia da celebração da sua entrada solene na arquidiocese de Évora.

Numa reflexão feita a partir das leituras da Eucaristia, o prelado lamentou que “atitudes fundamentalistas, soberbas, hipócritas e até violentas” reconhecidas “na história e na atualidade”.

“A Igreja eborense revê-se no chamamento de Deus à humildade, à fidelidade e ao serviço”, destacou, sublinhando a busca pela transparência, pela “verdade, pela coerência”.

“Seremos Igreja acolhedora, uma família em tenda alargada; disponível e preparada para acolher todos os que chegam feridos pela vida, deserdados pelo abandono e, por isso, buscam uma porta aberta de assumida humanização”.

Manifestando a sua “comunhão” com o Papa Francisco na “renovação da Igreja”, o arcebispo de Évora afirmou-se chamado a cultivar a proximidade com as periferias, “a acolher, consolar, cuidar e integrar nas nossas comunidades os que chegam feridos” pela “desumanidade do mundo”.

“Comigo, a Igreja eborense, neste momento e sempre, se une ao Papa, em profunda comunhão e o coloca na sua permanente oração, confiante nos esforços empreendidos em mostrar ao mundo uma Igreja acolhedora, familiar, transparente e coerente”.

Numa linha programática, o novo arcebispo afirmou a importância do “estudo, formação e ação”, valorizando a “partilha da Palavra, na Lectio Divina e no compromisso fraterno e comunitário”.

O prelado lembrou o pedido dos jovens para uma Igreja “familiar, transparente e coerente” e afirmou-os o “presente da Igreja”.

“Caros jovens, os sinais dos tempos convidam-nos a alargar horizontes de dádiva de vida e serviço voluntário, vós não sois só a Igreja de amanhã, sois já hoje, o rosto jovem, primaveril, criativo e esperançoso da Igreja em renovação. Vós, jovens, tendes voz e insubstituível lugar na Igreja, pois sois Igreja”.

O arcebispo pediu ainda que a Igreja, “de mãos dadas pela paz, tolerância e no respeito”, saiba “construir a casa comum”, num compromisso com uma “cultura ecológica global” de forma a “olhar o futuro com esperança”.

Com renovado entusiasmo, e em Ano Missionário, “peçamos graças para continuarmos a ser Igreja em saída”.

“Que ninguém se sinta inútil e incapaz, pois todos sabemos amar e fazer o bem”.

Durante a homilia, D. Francisco Senra Coelho saudou ainda os seus antecessores: o agora bispo emérito de Évora, D. José Alves, bem como a sua decisão de permanecer na arquidiocese, e lembrou D. Maurílio Gouveia, manifestando a sua proximidade numa altura de “sofrimento”.

O novo arcebispo dirigiu ainda palavras às autoridades civis manifestando a sua intenção de “dialogar e cooperar na edificação do bem comum, a favor da população”.

Na homilia, D. Francisco Senra Coelho quis ainda saudar a sua mãe, com 83 anos, presente na Sé de Évora.

O prelado saudou ainda o bispo D. Celso Morga Iruzubieta, de Mérida-Badajoz, da vizinha Espanha, e D. Ildo Fortes, bispo do Mindelo, Cabo-Verde, presentes na celebração.

Durante a celebração da sua entrada solene na arquidiocese de Évora, o arcebispo recebeu o palio das mãos do núncio apostólico D. Rino Passigato.

“Que o pálio que recebi me faça lembrar sempre as ovelhas mais frágeis e carentes”, assumiu na homilia.

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  • Filipe
    03 set, 2018 évora 21:43
    O Senhor Papa tem razão , existem Psiquiatras para tratar essas doenças mentais do ser humano . Todavia , os drogados e afins também não aceitam a doença ... é preciso lá os levar !

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