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Portugal segundo Madonna: romântico, criativo e pouco pontual

03 ago, 2018 - 16:55

A norte-americana desfaz-se em elogios a Portugal, mas confessa: "Às vezes eu só queria que as pessoas fossem pontuais. Quantas frustrações!”

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"Vamos esclarecer uma coisa: esta entrevista para a 'Vogue Itália' - incluindo as imagens que a acompanham - é sobre a minha vida em Lisboa, sobre o último ano em que vivi lá. Não faz muito sentido falar sobre qualquer outra coisa, certo?”

É assim que começa o artigo principal da edição de agosto da "Vogue Itália", que chegou às bancas esta sexta-feira. Na capa, vê-se Madonna a posar na Herdade do Peru, no Parque Natural da Arrábida.

Inicialmente, a revista italiana tinha pensado esta peça como uma retrospetiva da carreira da artista, que celebra o seu 60.º aniversário a 16 de Agosto, mas a norte-americana preferiu focar-se no presente - nomeadamente na vida em Portugal, para onde se mudou há um ano com quatro dos seus seis filhos: David Banda e Mercy James, com 12 anos, e os gémeos Stella e Estelle, de 5 anos.

Na entrevista, Madonna revela que foi “o futebol” que a fez mudar-se para Lisboa - o filho David quer jogar profissionalmente. Mas a cantora queria também sair dos Estados Unidos por algum tempo - sentia que a família precisava de uma “mudança”.

“Como sabe, este não é o melhor momento para os Estados Unidos”, diz a cantora, que já se mostrou muito crítica do atual Presidente norte-americano, Donald Trump.

Na entrevista à revista italiana, Madonna desfaz-se em elogios a Portugal, desde a arquitetura “extraordinária” às influências musicais de Angola, Cabo Verde e Espanha, uma mistura de culturas que considera um “belo antídoto para os estereótipos do mundo da música”.

Diz que o país é governado por três “F” (fado, futebol e Fátima) e compara-o a Cuba, “porque as pessoas não têm muito, mas abrem a porta de qualquer casa, vão a qualquer beco e ouve-se sempre música”.

Contudo, não se fica por aí e deixa também críticas aos portugueses. “Lisboa é uma cidade antiga e ninguém, por assim dizer, tem pressa para nada. É possível ter todas as fantasias românticas imagináveis, mas depois estás numa casa, os empregados não aparecem, os canos pingam e não falas a língua, de repente pensas: mas que diabos fui eu fazer?”

A cantora confessa não gostar também da falta de pontualidade lusa. “Às vezes, eu só queria que as coisas funcionassem, para ficar tudo tranquilo, e que as pessoas fossem pontuais. Quantas frustrações!”, admite Madonna.

No entanto, mostra-se satisfeita com o facto de os portugueses a deixarem “em paz”. “De vez em quando alguém me pede uma foto ou um autógrafo, mas ando sem problemas.”

Madonna descreve também a cena musical lisboeta, revelando que está a influenciar a sua música. “Estou mais do que certa de que em Lisboa as pessoas atuam e tocam não por dinheiro, mas apenas pelo bem da música em si. Na minha opinião, isso é esplêndido, muito estimulante”, afirma.

A artista diz ter conhecido muitos músicos “maravilhosos”, muitos dos quais acabaram por colaborar no seu novo álbum. “Lisboa influenciou a minha música e o meu trabalho. Como poderia ser doutra forma? É impossível passar um ano sem ser condicionada por toda a cultura que estava à minha volta.”

A cantora descreve Lisboa como “uma cidade tranquila, mas também com uma aura melancólica, o que explica por que é que o fado nasceu aqui”. Diz ter optado por mudar-se para a capital portuguesa porque achou que “era a melhor escolha” para viver, em comparação com Barcelona e Turim, onde estavam as outras escolas de futebol que tinha em vista para o filho.

A escolha da formação do Sport Lisboa e Benfica teve em conta toda a família. “Barcelona é uma cidade fantástica e também gosto de Turim, mas não me pareceram adequadas para as crianças. Estão bem para os intelectuais, com todos aqueles belos museus e edifícios impressionantes, mas não acho que as crianças se tivessem divertido lá”, explica à Vogue Itália.

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