05 jul, 2018 - 19:17
O tenente Alexandre Oliveira, comandante do Destacamento de Mergulhadores Número 2 da Marinha, explica as três opções em cima da mesa para resgatar as 12 crianças que estão presas há vários dias numa gruta da Tailândia.
Em declarações à Renascença, Alexandre Oliveira explica os procedimentos estão nesta altura a ser adotados pelas equipas de salvamento.
“Primeiro, ensinar as crianças a mergulhar. A segunda opção, é continuar a unir esforços no sentido de bombear toda água que se encontra dentro das grutas, por forma a que as crianças sejam retiradas sem a necessidade de mergulhar, mesmo que para tal tenho que nadar ou flutuar com recurso a coletes salva-vidas. A terceira hipótese e mais remota é a busca de alternativas na montanha que permitam o acesso de equipas de resgate.”
O tenente Alexandre Oliveira lembra que, em alguns pontos da gruta, as galerias são tão estreitas que não é possível passarem duas pessoas ao mesmo tempo. A solução é ensinar as crianças a respirar debaixo de água por meios artificiais.
“Existem zonas em que isso não será possível: o mergulhador e a criança têm que passar um à frente do outro. O que está a ser feito é uma adaptação das crianças ao meio aquático, ao respirarem através de uma máscara facial. A opção recaiu pela máscara facial porque permite uma respiração mais natural, pelo nariz ou pela boca, ao contrário do tradicional regulador de mergulho, em que a respiração é única e exclusivamente feita pela boca.”
O tenente Alexandre Oliveira sublinha a singularidade deste caso e do resgate, e faz uma comparação com o salvamento dos mineiros chilenos, em 2010.
“Este é um caso extremamente complexo, porque temos aqui uma variável que pode ser comparável com a dos mineiros chilenos que estiveram também soterrados, mas estavam em ambiente seco. Aqui, temos mais essa adversidade da água. É uma mistura de dois casos extremos de salvamento de vidas humanas”.
Lembra outro caso, ocorrido há vários anos, de um tripulante de um navio que foi resgatado com recurso a uma máscara facial.
“Há uns anos tivemos uma
situação mediática em que o tripulante de um navio foi encontrado com vida. Após
o naufrágio ele ficou dentro do navio numa bolsa de ar. Foi também utilizada
uma máscara facial similar à que vai ser usadas pelas crianças e ele, sem ter
tido qualquer contato com o mergulho, foi retirado em segurança. Mas reforço
que eram condições que não são comparáveis”, refere o comandante do
Destacamento de Mergulhadores Número 2 da Marinha.