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Portugueses confiam cada vez menos no Facebook como fonte de notícias

14 jun, 2018 - 14:39

Portugal acompanha a tendência internacional, de acordo com um estudo da Reuters Institute e da Universidade de Oxford. Instagram e WhatsApp ganham força junto dos consumidores de notícias, sobretudo os mais jovens, e os "podcasts" estão em alta.

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Um estudo da Reuters Institute e da Universidade de Oxford demonstra que o Facebook é cada vez menos usado em Portugal como fonte de notícias, à medida que a discussão e os debates migram para novas aplicações e plataformas de mensagens.

O estudo teve por base um inquérito "online" feito pela agência de estudos de mercado YouGov e incluiu 74 mil inquiridos em 37 países.

Entre as faixas etárias mais jovens, esse decréscimo atingiu 20 pontos percentuais e os Estados Unidos são um dos países mais afetados por esta perda de confiança. Por outro lado, empresas como o Instagram e o WhatsApp ganharam força junto dos consumidores de notícias, sobretudo os mais jovens.

Apesar das tentativas do Facebook para corrigir as prioridades visadas no algoritmo e para limitar a propagação de notícias falsas, os comportamentos e perceções dos consumidores estão a mudar, no sentido do afastamento da rede social para ler conteúdos média.

Muitos inquiridos revelaram que partilham os conteúdos dados a conhecer na plataforma Facebook em plataformas alternativas, entre grupos mais restritos, para comentar e discutir a veracidade da informação.

Os consumidores estão a reclamar para si o controlo informativo e estão mais críticos: 85% dos brasileiros questionados mostram preocupação relativamente às informações falsas, seguido de Espanha (69%) e dos Estados Unidos (64%).

Portugal "em linha" com o mundo

Depois de anos de contínuo crescimento, as principais causas apontadas para o descrédito do Facebook são a mudança de algoritmo, as preocupações com a privacidade decorrentes da polémica que envolve a empresa de Mark Zuckerberg, receios relativos ao caráter nocivo dos debates na rede social e a dificuldade de distinção entre notícias reais e "fake news".

Gustavo Cardoso, professor do ISCTE-IUL e director do OberCom, analisou o estudo e destaca que quase 75% dos inquiridos se preocupa com a fiabilidade das notícias a que acedem através da Internet. Há mais portugueses a confiar nas notícias que procuram nos motores de busca (cerca de metade) e menos de um terço das pessoas questionadas em Portugal acredita nos conteúdos noticiosos que lhes chegam pelas redes sociais.

Portugal acompanha, assim, a tendência internacional. No conjunto de países inquiridos, apenas 23% dizem que confiam nas notícias às quais acedem nas redes sociais, em comparação com 34% das que acedem através de pesquisas.

As más notícias para as redes sociais correm depressa como as informações muitas vezes veiculadas por estas plataformas digitais. É a opinião de grande parte dos utilizadores. Pelo contrário, o relatório traz boas novas para os modelos de negócio dos grandes média do jornalismo: em vários países, o pagamento de notícias "online" está em crescimento e as notificações por e-mail e por telemóvel estão a ajudar a criar uma audiência mais fiel. É nos países nórdicos que a evolução é mais evidente. Os países do sul da Europa continuam sem avanços expressivos no que toca ao conteúdo pago pelos utilizadores "online".

"Podcasts" em alta

Rasmus Kleis Nielsen, um dos editores do relatório, professor e director de Investigação do Reuters Institute for the Study of Journalism, diz que pode haver uma razão política para que estes sejam os países que mais receio manifestam: “Toda a discussão em torno da desinformação é sobre os media digitais, mas o uso frequente do perigoso e enganoso termo 'fake news' está ligado a uma crise de confiança de longa data, onde grande parte do público não acha que pode confiar nas notícias, especialmente em países com alta polarização a nível político e onde muitos meios de comunicação são vulneráveis a influências económicas ou políticas indevidas.”

Outro aspeto que o estudo evidencia é que “as pessoas com maior nível de alfabetização tendem a preferir marcas de jornais às de TV, e usam as redes sociais para aceder às notícias de forma diferente da população em geral”. Os "podcasts", em contrapartida, estão em alta, à escala mundial.

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