24 mai, 2018 - 15:12
Um conjunto de personalidades de várias disciplinas lançou um apelo às emissoras televisivas, para que criem mecanismos de regulação ética aos debates sobre futebol e para que reduzam o tempo de exposição das "dimensões colaterais", com vista a fomentar o respeito e a tolerância.
"Nos últimos anos temos assistido a um desvirtuar total do desporto enquanto actividade de valores, de humanismo. A luta de palavras invadiu a normalidade dos noticiários e as agressões verbais tornaram-se a norma num ecossistema que parece alimentar-se dessa mesma violência", lê-se no apelo, assinado a 21 de maio.
Assinado por personalidades como Pedro Abrunhosa e com promotores como o bispo de Braga, Carlos Azevedo, o jornalista da Renascença Francisco Sarsfield Cabral e o escritor Richard Zimler, o apelo lamenta o facto de os programas de comentário desportivo levarem, ao limite do inimaginável o prazer do azedume, da acusação, da maledicência":
A "violência verbal" alimenta uma "voragem em que cada vez mais cidadãos se encontram" e atrai os jovens, muitos incapazes de resistir "à tentação dessa presença contínua nas televisões". Isto leva a que jovens e demais cidadãos sorvam "uma cultura que gera o ódio, que incita à violência e que desagrega a sociedade como um espaço de fraternidade e de paz". Ódio esse que "pode eclodir a qualquer momento".
Em nome das consequências "vistas nos últimos anos" e "nos últimos dias" e pela restituição da "dignidade aos telespectadores", o grupo de personalidades lança um apelo "aos canais televisivos para que criem mecanismos de regulação ética que enquadrem estes debates, e para que reduzam o tempo de exposição das dimensões colaterais ao futebol, fomentando uma cultura de respeito e de tolerância".