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Zuckerberg pede desculpas e oferece-se para testemunhar no congresso dos EUA

22 mar, 2018 - 11:50 • Rui Barros

Na primeira entrevista depois do escândalo Cambridge Analytica, o CEO da Facebook prometeu mudanças na plataforma.

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O criador e atual CEO da Facebook, Mark Zuckerberg, rompeu o silêncio em relação ao caso da Cambride Analytica e disse estar disposto a testemunhar perante o congresso norte-americano. Numa entrevista à cadeia televisiva CNN, Zuckerberg começou por reiterar o pedido de desculpas que fez através da sua própria página na rede social e considerou o caso “uma quebra de confiança” nos serviços da plataforma.

“Isto foi uma enorme quebra de confiança e lamento verdadeiramente que isto tenha acontecido”, disse o líder da maior rede social do mundo à jornalista da CNN.

“Temos a responsabilidade básica de proteger os dados das pessoas e, se não conseguimos fazer isso, não merecemos ter a oportunidade de servir as pessoas”, confessou Zuckerberg, que mostrou ainda abertura para testemunhar perante o congresso norte-americano sobre o caso.

“A resposta curta é que fico satisfeito em testemunhar se essa for a coisa certa a fazer” afirmou o CEO da Facebook, que não confirmou, no entanto, se seria mesmo ele que se apresentaria perante o congresso: “O que tentaremos fazer é enviar a pessoa com mais conhecimento [sobre o caso]. Se essa pessoa sou eu, então fico satisfeito em ir”, disse.

A popular rede social viu-se envolvida num escândalo divulgado pelo Observer e do New York Times onde se mostra que os dados de mais de 50 milhões de utilizadores foram usados pela empresa Cambridge Analytica para criar anúncios direcionados de forma a influenciar o seu voto nas eleições de 2016.

Na publicação feita na rede social, horas antes da entrevista à CNN, Zuckerberg confirmou que a sua empresa soube da cedência de dados por parte de um investigador à Cambridge Analytica em 2015 e que terá, nessa altura, pedido à empresa que apagasse os dados. O pedido não foi respeitado pela Cambridge Analytica e o líder da gigante de Silcon Valley considera que foi um erro ter acreditado que a empresa o faria.

“Estou habituado a que quando as pessoas asseguram legalmente que vão fazer alguma coisa, elas fazem-no”, disse Zuckerberg à jornalista da CNN, na entrevista em que anunciou também algumas medidas para prevenir que alguma entidade ou pessoa volte a usar os dados dos utilizadores do Facebook.

“Há um trabalho muito duro que ainda precisamos de fazer”

Questionado sobre como a plataforma que criou pode voltar a ser usada para interferir em eleições, Zuckerberg repetiu que a sua empresa tudo fará para impedir que isso aconteça, mas não deixou de confessar que ainda há muito a fazer.

“Há um trabalho muito duro que precisamos fazer para impedir que nações, como a Rússia, interfiram em eleições, que ‘trolls’ espalhem notícias falsas. Temos a responsabilidade de fazer isso”, declarou Zuckerberg, que apontou as eleições intercalares nos Estados Unidos, as eleições indianas e as brasileiras como os próximos grandes testes aos novos mecanismos.

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“Estamos comprometidos em fazer tudo o que pudermos para garantir a integridade dessas eleições”, garantiu o líder da tecnológica norte-americana, que aproveitou a entrevista para falar sobre a experiência de ser pai: “Pensava que aquilo que era mais importante era ter o maior impacto no mundo. Agora, apenas quero construir algo que faça com que as minhas filhas tenham orgulho de mim. É a filosofia que me guia neste momento. Quanto vou trabalhar em coisas difíceis durante o dia, pergunto-me apenas: 'Será que as minhas filhas vão ter orgulho do que fiz hoje?'”.

Desde que o caso veio a público, Mark Zuckerberg esteve sempre em silêncio, não tendo, até, comparecido na reunião com os funcionários, marcada para terça-feira, para esclarecer o caso. Este silêncio foi fortemente criticado por especialistas do sector e Zuckerberg não deixou de abordar a questão: “Devia conceder mais entrevistas - por mais desconfortável que seja para mim falar para a televisão. Deveria esta mais disponível para responder às questões difíceis dos jornalistas."

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