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Portugal lamenta que “nem as leis da guerra sejam cumpridas” na Síria

28 fev, 2018 - 12:36

Ministro dos Negócios Estrangeiros não é entusiasta do processo de paz liderado pela Rússia, Turquia e Irão.

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O ministro Augusto Santos Silva lamenta o quebrar de cessar-fogo na Síria e fala mesmo numa infindável lista de horrores naquele país. Ouvido no Parlamento, o governante foi questionado sobre as mais recentes violações às tréguas acordadas pelas Nações Unidas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros lamentou que nem as leis da guerra sejam cumpridas. “Infelizmente nem sequer as leis da guerra são cumpridas, por várias das partes e, portanto, desde a utilização sistemática de escudos humanos, desde a utilização de hospitais para colocação de artilharia e outras armas militares, até ao bombardeamento indiscriminado de zonas residenciais, escolas, hospitais, a lista de horrores é infindável.”

“Foi positivo que se chegasse a um acordo de cessar-fogo no Conselho de Segurança para permitir que fossem abertos corredores militares, infelizmente esse acordo só foi conseguido com uma cláusula de exceção – que em teoria é compreensível – a possibilidade de as partes se defenderem de ataques terroristas, mas que tem dado azo a interpretações muito fluidas e infelizmente as violações do cessar-fogo sucedem-se desde a sua entrada em vigor”, disse o ministro.

O regime sírio e os seus aliados, incluindo a Rússia, consideram que os grupos rebeldes que atuam em Goutha Oriental são terroristas e, por isso, os exclui do cessar-fogo. Já a Turquia acusa os grupos militares curdos de serem terroristas e por isso mantém o seu ataque a Afrin e a coligação internacional liderada pelos americanos continua a atacar alvos do Estado Islâmico junto ao Rio Eufrates.

Santos Silva não deixou de criticar o papel desempenhado pela Rússia, que apoia o regime de Bashar al-Assad, e mantém as suas próprias negociações de paz, sedeadas em Astana, no Cazaquistão. O único processo válido é o da ONU, com base em Genebra, insiste.

“Não há alternativa ao processo de negociação política no formato de Genebra. Nós não somos parte nem somos entusiastas do processo de Astana, isto é, da intervenção autónoma da Rússia, Turquia e Irão, embora entendamos que a realização da conferência de Sochi e o tipo de presença, incluindo a presença do representante das Nações Unidas, Staffan de Mistura, e os compromissos assumidos aí em termos de uma revisão constitucional na Síria, possam ser positivos desde que enquadrados pelo processo político de Genebra, sob a égide das Nações Unidas”, conclui o ministro.

Desde o início dos ataques de Damasco contra Ghouta Oriental, a 18 de fevereiro, morreram mais de 520 civis, segundo os números divulgados pelo observatório sírio dos direitos humanos.

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