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Parlamento mantém Acordo Ortográfico

22 fev, 2018 - 19:25

Só PCP e PEV queriam a desvinculação do acordo de 1990. Dois deputados do CDS juntaram-se, mas não foi suficiente.

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A proposta comunista para que Portugal se desvinculasse do Acordo Ortográfico de 1990 foi rejeitada no parlamento por PSD, PS, BE e CDS, apesar de dois deputados centristas terem votado a favor, juntamente com PCP e PEV.

Assim, o projeto de resolução do PCP que "recomenda o recesso de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990" teve os votos a favor do PCP, do PEV e dos deputados do CDS Filipe Lobo d'Avila e Ilda Araújo Novo, os votos contra das bancadas do PSD, PS, BE e CDS-PP e a abstenção do PAN, dos deputados centristas Isabel Galriça Neto, Teresa Caeiro e António Carlos Monteiro, do deputado do PSD Miguel Morgado e da deputada do PS Helena Roseta.

No debate que decorreu no plenário na quarta-feira, PSD, PS, CDS e BE demarcaram-se deste projeto, ainda que tenham admitido a necessidade de o aperfeiçoar.

Na defesa do projeto de resolução agora rejeitado, que recomenda a saída de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990, a deputada comunista Ana Mesquita foi a única a defender a proposta na Assembleia da República, alegando que o Acordo tende a "transformar-se num atoleiro cujas consequências se desconhecem", além de subsistirem dificuldades na sua aplicação.

Sublinhando que o PCP "não tem 'fixismos' na escrita", Ana Mesquita considerou que a existência do acordo só teria sentido se integrado numa política global da língua e que tal como existe não passa de uma "imposição legislativa desligada da realidade concreta e da comunidade".

Para a deputada, Portugal deve abandonar o Acordo Ortográfico até porque este não passou de "experimentalismo ortográfico sobretudo para os alunos que tiveram de o aplicar".

Ana Mesquita invocou ainda a petição de "Cidadãos contra o Acordo Ortográfico", considerando que o facto de contar com mais de 20.000 assinaturas é elucidativo de que os portugueses dizem não a este acordo.

Comentários
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  • Pedro Nuno
    28 fev, 2018 Ponta Delgada 02:43
    Esta votação é a prova de que a maior parte dos deputados à Assembleia da República não representam mais do que os partidos que os elegem.
  • José Cruz Pinto
    23 fev, 2018 Ílhavo 14:27
    Ó senhores (João Lopes e Quejandos), O problema é precisamente que tudo o dito (des)acordo trucida - a etimologia, a semântica e até, em muitos casos, a própria fonética. O dito cujo servirá apenas para perpetuar o estado a que chegou a língua (dita) portuguesa, reduzida ao(s) patuá(s) de povos predominantemente incultos e mesmo analfabetos. Quem assim trucida a língua materna seria porventura capaz de rifar a própria mãe. Pois que a rifem (se vos deixarem), mas a minha não ! E então o argumento totalmente IDIOTA de com tamanhos disparates se promover a internacionalização da lígua é próprio de quem ainda não reparou que, quando preenche um formulário em língua inglesa, tem quase sempre que escolher entre o inglês dos EUA, do RU, da Austrália, etc., etc., e até de Singapura ! Coitados deles todos - a língua inglesa ainda não se internacionalizou ! Mesmo assim, em todas as suas formas, mantém ciosamente na escrita as etimologias (latina e grega). Em contrapartida, a lusa (refiro-me à idiotia) essa já tem assim internacionalização garantida.
  • Maria Natália
    23 fev, 2018 Lisboa 11:53
    É que evidente que não deveria estar em vigor o chamado acordo ortográfico. Mas a ignorância é muita !!
  • João Lopes
    23 fev, 2018 Viseu 09:13
    A língua é sobretudo o que se fala e como se fala, e por isso vai variando através do seu uso: está ao serviço das pessoas e não o contrário. Os especialistas sabem a origem das palavras, mas o falante normal não tem porque saber. Há mudanças ortográficas na língua portuguesa desde o século XII. A partir de 1904, por exemplo, deixou de escrever-se pharmácia. Fernando Pessoa nunca aderiu ao acordo ortográfico do seu tempo e escreveu sempre como havia aprendido na escola. E veio daí algum mal ao mundo, ou à língua portuguesa? Há sempre gente agarrada à letra e não ao espírito das coisas, defensora do imobilismo doentio e dogmático naquilo que pela sua natureza é volúvel e opinável. Mas há que respeitar a sua opinião…e também a opinião dos outros!

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