09 jan, 2018 - 19:14
O primeiro-ministro, António Costa, admitiu situações de “ruptura” e “caos" no atendimento em alguns hospitais devido ao surto de gripe e também em escolas dentro das quais chove, depois de anos de desinvestimento.
"Estive ontem [segunda-feira] na Escola Secundária de Castro Verde e é o caos porque chove dentro da escola. As crianças levam mantas para as salas de aulas para se poderem aquecer. Isto é o caos. Isto precisa de resposta. A edificação das nossas escolas e dos nossos serviços precisa também de reforço financeiro", denunciou a deputada Heloísa Apolónia, d’Os Verdes, numa intervenção no debate quinzenal desta terça-feira, no Parlamento.
Na resposta, o primeiro-ministro referiu que todos conhecem, "infelizmente, situações em hospitais, centros de saúde, escolas, esquadras, quartéis, no conjunto dos serviços públicos onde há enormes carências", que vão das instalações, aos equipamentos, passando pelo pessoal.
"Com certeza que ninguém espera que depois de tudo o que o país viveu nos últimos anos e da acumulação de desinvestimento que houve não tivéssemos muitas situações como essas", lamentou.
Nos últimos dias, multiplicaram-se os relatos de más condições nos hospitais portugueses. No fim-de-semana, os enfermeiros da Urgência do Hospital de Faro, por exemplo, denunciaram a incapacidade de resposta do serviço, que dizem estar a colocar a segurança dos utentes e profissionais em risco.
António Costa perguntou a Heloísa Apolónia se já se tinha esquecido "como foi interrompido o programa de investimento na qualificação das escolas" ou de como o anterior Governo foi "para Bruxelas diabolizar o investimento nas escolas e convencer que no quadro 2020 não devia haver verbas para a requalificação das escolas porque se tinha gasto dinheiro a mais" nessa questão.
A deputada do PEV tinha começado a intervenção por falar sobre a "realidade caótica" que os portugueses encontram actualmente nas urgências devido ao surto de gripe, dando o exemplo de "profissionais completamente arrasados pelas horas contínuas de trabalho" e "corredores lotados de macas".
Heloísa Apolónia perguntou directamente ao primeiro-ministro "que respostas podem ser dadas para responder a este caos".
Na resposta, António Costa começou por afirmar que aquilo que está a acontecer vai ser uma realidade nos próximos anos porque "mais do que o surto de gripe, aquilo que aumenta significativamente são as infecções respiratórias associadas ao envelhecimento da população".
"Aquilo que descreve como situação caótica é a situação que existe quando num serviço, apesar do reforço que tem vindo a ser feito de enfermeiros, do alargamento dos horários, quando há 20 mil pessoas que aparecem a mais nas urgências, há um ponto de tensão que gera momentos de ruptura. Há momentos de pico onde há situações de ruptura. Nesses sim são momentos de caos", respondeu.
No entanto, o chefe de executivo ressalvou que não se deve "avaliar o sistema relativamente a situações de pico".
"Não obstante a enorme tensão que tem sido posta sobre o serviço, o serviço tem sido capaz de responder satisfatoriamente", enfatizou.