Tempo
|
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

Futuro incerto na Catalunha

21 dez, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As eleições de hoje dificilmente resolverão o problema catalão. Até o podem agravar.

Prevê-se uma grande afluência às urnas nas eleições autonómicas de hoje na Catalunha. Daí a esperança de que esta votação dê uma ideia relativamente fiável sobre o que pensa a maioria dos catalães: quer a independência ou prefere manter-se integrada no Estado espanhol, porventura com maior autonomia?

A maioria dos votantes e a maioria dos deputados autonómicos nem sempre coincidem, pois nas zonas urbanas, sobretudo em Barcelona, são precisos mais votos para eleger um deputado do que nas zonas rurais. E parece difícil a formação de uma coligação governamental, seja de independentistas, seja dos que se querem manter espanhóis.

Tirando a hipótese de os pró-espanhóis lograrem uma claríssima vitória, os outros resultados possíveis pouco ou nada resolverão. Sobretudo se os independentistas ganharem, colocando Rajoy numa posição politicamente complicada.

A sociedade catalã está dividida. Muitos dos que hoje vivem e trabalham na Catalunha – a região mais rica de Espanha – não nasceram ali. Por isso tendem a desejar uma Catalunha espanhola. Ao invés, muitos dos que são catalães há várias gerações não querem renunciar à aspiração independentista, que, com maior ou menor expressão, existe há séculos.

Mas uma independência da Catalunha teria consequências económicas dramáticas. Contra o que alguns sonhavam, com alguma irresponsabilidade, uma Catalunha independente não entraria na UE, pelo menos nos anos mais próximos. E a instabilidade sobre o futuro da região travará o regresso das cerca de três mil empresas que retiraram dela as suas sedes.

O tempo é de incerteza.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Vasco
    24 dez, 2017 Santarém 16:28
    De facto a situação parece ter ficado no mesmo impasse logo a primeira barreira parece ser o senhor Rajoy ditador disfarçado de democrata que impôs novas eleições porque o resultado das anteriores não lhe agradaram, tudo para os independentistas ficou mais ou menos na mesma ao obterem a maioria e para os unionistas deram uma pesadíssima derrota sobretudo ao partido de Rajoy mudando para outro comandado por uma emigrante andaluza, como o senhor Rajoy se afirma recusar dialogar com os independentistas logo à partida não poderá haver solução a dois, razão teriam os independentistas ao terem tomado uma decisão unilateralmente, quanto ao senhor Rajoy ainda não percebeu que afinal é ele que está a mais nesta contenda, quanto à saída das empresas tudo foi manipulado por Madrid e quanto à dita entrada da Catalunha na UE é outra manipulação pois entrar numa coisa onde já se está é no mínimo estranho e só demonstra pura malvadez dos autores da acção, talvez por tantos pontapés mal dados na prática a UE em vez de se solidificar se está a desmoronar.