05 dez, 2017 - 13:46 • Manuela Pires , Dina Soares
Os alunos portugueses do 4º ano do primeiro ciclo pioraram o seu desempenho na leitura. Segundo o estudo internacional do Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS), que avalia a capacidade de leitura entre 2011 e 2016, Portugal desceu 13 pontos relativamente à avaliação anterior, a segunda maior queda entre os 50 países analisados neste estudo: está agora no 30º lugar.
Na apresentação das conclusões, o secretário de Estado da Educação disse que os dados não agradam ao Governo, mas não surpreendem.
João Costa lembrou que estes alunos começaram a escolaridade em 2012 e culpa as metas curriculares definidas no mandato do anterior ministro da Educação, Nuno Crato: “O fechamento das leituras, um foco muito grande em produtos e não no processo e no desenvolvimento da leitura e uma despreocupação com a diversidade daquilo que se lê. E vimos que o texto informativo e o texto literário baixaram.”
O secretário de Estado da Educação garante que o ministério já está a trabalhar para inverter estes dados através de actividades para promover a leitura e para ajudar as escolas a identificar as dificuldades.
João Costa sublinha, aliás, que neste estudo 72% dos alunos dizem que gostam muito de ler, mas depois não conseguem.
Não haverá mudanças curriculares
Para alterar este estado de coisa, João Costa admite a necessidade de mudanças, mas não alterações curriculares. “Isto significa a identificação daquilo que é essencial no currículo. Não implica revogações nem alterações, implica sim concentrarmo-nos naquilo que é essencial para promovermos boas aprendizagens, aprendizagens efectivas.”
Este estudo, que abrangeu mais de 4.500 alunos de 218 escolas, revela ainda que Portugal foi um dos três países que não registaram diferenças entre rapazes e raparigas e que, ao contrário da tendência internacional, Portugal tem melhor pontuação no papel do que na leitura “online”.
Em termos regionais, o Ave foi a região que obteve melhores resultados, enquanto o Baixo Alentejo e o Algarve estão entre as regiões que apresentaram resultados inferiores à media nacional.
A nível internacional a lista é liderada pela Rússia, seguida de Singapura e de Hong Kong. A África do Sul é o país com piores resultados.