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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A segurança em Portugal

31 out, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A criminalidade baixou desde 2008, contra o que às vezes se pensa. Mas é preciso investir mais nas polícias.

Existe a tendência para julgarmos que o nosso país está cada vez menos seguro e que a criminalidade aumenta de ano para ano. Mas essa percepção de insegurança não é confirmada pelas estatísticas.

Um trabalho da jornalista do Público Rita Marques Costa mostra que, segundo dados do Ministério da Justiça, os crimes registados subiram entre 1993 e 2008, mas depois disso desceram até 2016. Poderá dizer-se que de muitos crimes não são apresentadas queixas, pelo que aqueles números não traduzirão toda a verdade. Mas são uma indicação de tendência.

Em sentido inverso, a subida do crime por condução com excesso de álcool no sangue talvez seja em boa parte resultante de uma maior fiscalização. O mesmo se diga dos crimes envolvendo impostos. Ou dos crimes de violência doméstica, hoje muito mais denunciados do que há 23 anos.

Em 2012 Portugal tinha uma taxa de criminalidade muito mais baixa do que a da Suécia (38,6 crimes por mil habitantes, cá, contra 142,2 na Suécia). Uma parte dessa diferença terá a ver com a maior propensão dos suecos para se queixarem às autoridades. Mas julgo que a principal explicação seja a de que Portugal é um país relativamente tranquilo. Não nos iludamos com a comunicação social sensacionalista, que aposta no crime violento.

O número de homicídios passou de 1801 em 1993 para 448 em 2016. Um tipo de crime onde a ausência de queixa será escassa. A relativa tranquilidade da sociedade portuguesa é, de resto, um factor importante na crescente entrada de turistas estrangeiros, bem como na aquisição de residências no nosso país por parte de reformados de outros países, sobretudo europeus.

Claro que as tragédias dos incêndios florestais nos últimos meses terão abalado a imagem de Portugal como país seguro. Muita gente, a começar por portugueses, pensará agora duas vezes antes de decidir se vai viver no campo.

E as forças de segurança estão subfinanciadas em meios materiais e humanos. Na PSP, por exemplo, desde 2010 que as entradas de novos polícias não compensam as saídas. E a GNR é essencial para garantir a segurança – até contra os fogos – dos que ainda vivem no interior. Gastar mais nas forças de segurança deverá ser visto como um investimento sensato.

Comentários
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  • pedro miguel
    31 out, 2017 19:52
    começarei pelo que mais afeta as pessoas na rua : os carteiristas, uma praga que o conjunto da policia e dos tribunais, nem reprime. Amiude, como agora aconteceu na televisao, os carteiristas ate sao conhecidos das policias, e os policias sabem que nem adianta dete-los. E aqui aplica-se a realidade : todos nós estamos marimbando quer para os carteiristas, quer para outros malfeitores, ou incendios ou cheias, desde que nao nos toque, nao sejamos as vitimas. Quem é vitima, e fica sem os documentos, pode ter uma carga de trabalhos, quiça impossibilitado de regressar ao seu pais, no caso de turistas. As operadoras de telemoveis nao burlam, e o que fazem que se parece com burla , nao é crime. Uma cidade, acho que no japao, a policia falsificou o numero de homicidios, para nao prejudicar o turismo. Refere V/Eª a reduçao de homicidios, ok, mas será real ou mudaram os parametros de registo ?--- O que diz quanto a percepçao que a populaçao tem, é exato : num caso, a capa do jornal noticiava que a populaçao da maior freguesia do pais andava assustada com onda de assaltos, mas, garanto-lhe, a populaçao só soube e se alarmou foi com a noticia. --- finalmente : sobre o estacionamento selvagem, deixou de haver policiamento, policia na rua, logo deixou de haver esse crime. Os condutores so se preocupam quando estacionam em sitio a pagar, que esses sao policiados por empresa concessionaria.