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​Igreja aposta nas redes sociais porque “já não se comunica de outra forma”

28 set, 2017 - 14:35 • Ângela Roque

Jornadas Nacionais de Comunicação Social têm este ano uma participação recorde.

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As Jornadas Nacionais de Comunicação Social, organizadas pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, acontecem esta quinta e sexta-feira, em Lisboa.

As jornadas apostam este ano na partilha de recursos e de experiências. Incluem sessões de trabalho e formação prática sobre escrita criativa e ferramentas para partilha de conteúdos nas redes sociais, a apresentação do livro “Igreja e sociedade em rede” e uma “mostra multimédia”.

O encontro decorre no auditório do Grupo Renascença Multimédia, na Quinta do Bom Pastor, em Lisboa, que, desde este Verão, acolhe também a agência de notícias Ecclesia e os vários serviços da Conferência Episcopal Portuguesa.

Paulo Rocha, director da Ecclesia e secretário da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais falou à Renascença sobre os objectivos deste encontro que este ano atraiu o dobro dos participantes.

São mais de 120 os inscritos, entre jornalistas, responsáveis por gabinetes de comunicação das dioceses e de várias instituições ligadas à Igreja.

Estas jornadas são sempre oportunidade de formação e informação e este ano têm uma vertente muito prática, a partir do tema “Comunicação: criatividade e partilha”. O que é que vai acontecer?

Vão acontecer jornadas que são sessões de trabalho com os participantes. E são muitos participantes, mais do que costumam estar neste tipo de iniciativas. Este ano são mais de 120 os que decidiram ouvir, e sobretudo ver, de que forma é que este tema da partilha de conteúdos e a sua criação com criatividade é necessário para os jornalistas, e não só.

É que para além do nosso público habitual, há público novo que se interessou por estes temas, nomeadamente de colégios, assessorias de imprensa de diferentes instituições ligadas à Igreja que também se inscreveram e estão a participar nesta proposta formativa que fizemos e que é, de facto, muito prática. Quisemos propor a quem lida com estes assuntos todos os dias…

… que viesse ensinar aos outros como se faz?

Sim. São ferramentas que todos os dias temos de trabalhar com elas e porque temos de trabalhar com elas todos os dias pode acontecer que vamos trabalhando de forma mecânica. Mas este é um sector em que ou o fazemos de forma criativa ou então outros fazem por nós. Daí esta opção por umas jornadas de comunicação iminentemente práticas.

No fundo, o que se pretende é que a partir da experiência que alguns já têm, como é o caso a Renascença e da agência Ecclesia, ensinar outros a usarem os meios que há hoje ao dispor para comunicar, nomeadamente as redes sociais. Já não se comunica de outra forma...

Não, já não se comunica de outra forma. Nós temos as nossas presenças pessoais nas redes sociais e cada um de nós, pessoalmente, sabe o que fazer se quiser atrair a atenção de um amigo ou de um grupo, sabe o que lá pôr, que fotografia ou mensagem colocar – é um mecanismo que temos quase naturalmente, mesmo quem não é nativo digital. Mas depois quando passamos para o sector profissional da informação optamos por registos mais antigos, com um título muito clássico, uma imagem que pode não ser a melhor para as redes sociais, e aqui talvez o que é necessário fazer é pegarmos na nossa forma pessoal de estar no Facebook, no Twitter, no Instagram ou no YouTube, e colocar essas ferramentas, que criámos para nós, ao serviço em termos de comunicação profissional.

Há aqui uma preocupação da Igreja nesta área? Podemos dizer que a Igreja quer que os seus comunicadores em geral sejam cada vez mais criativos e multimédia?

Tem de ser porque vemos os meios pelos quais as novas gerações recebem a informação… podemos ver pelos nossos filhos como é que isso acontece, aquilo que eles vão sabendo, e sobretudo sabendo imediatamente. É através do Instagram, através de uma fotografia. Hoje já não vale a pena estarmos a esperar pela edição do fim-de-semana de um jornal para querer passar uma informação. E depois temos sempre o muito bom exemplo que vem de cima, que vem do Vaticano, com apostas declaradas neste sector.

Como a conta do Papa no Twitter...

Exactamente e de forma criativa. E aí também é algo que temos de aprender, que não podemos estar no Twitter para pôr ali um mini-sermão, isso não vai resultar. Há linguagem própria para uma mensagem no Twitter. É toda essa adequação é preciso fazer.

Mas ainda há caminho a fazer na Igreja portuguesa, nesse sentido?

Há, há.

Nem todos os bispos estão nas redes sociais, por exemplo...

Sim, claro. Cada pessoa e instituição tem os seus ritmos próprios, e creio que também não interessa estarmos todos na mesma linha de partida ou de chegada. Mas – e acho que estas jornadas ajudam muito a isso – é preciso passar a ideia de que estamos aqui diante de ferramentas que são de uma facilidade enorme para serem utilizadas, e que podem ser utilizadas em qualquer situação.

Uma reacção imediata numa rede social pode ter uma repercussão enorme depois nos media, em telejornais, enfim... e são esses passos que é preciso dar, confiando, claro está, em colaboradores novos, em quem faz isso de forma natural, mas sempre nessa certeza de que não estamos aqui diante de um megaprojecto, que para ser levado por diante precisa que se reúnam pareceres e elaborem uns estatutos… nada disso. Tudo isto está a acontecer de forma natural com as novas gerações, e nós temos de os convocar também para esse desafio.

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