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“Haverá referendo na Catalunha”, garante representante do governo regional

27 set, 2017 - 10:36

“Existem condições. O problema não é material. Como a vontade das pessoas de votar existe, haverá referendo”, garante à Renascença o responsável do governo catalão pelas Relações Exteriores.

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A quatro dias do referendo sobre a independência da região Catalunha, o governo regional garante que estão asseguradas todas as condições materiais para a concretização da consulta.

“Existem condições. O problema não é material. Como a vontade das pessoas de votar existe, haverá referendo”, garante à Renascença o responsável do governo catalão pelas Relações Exteriores.

“Escolas, material, boletins de voto não é um problema. O problema não é material ou logístico. O problema é a falta de Estado de Direito. Para fazer um referendo, a resposta que dá o Governo espanhol faz-nos querer que há um problema de Estado de Direito”, reforça Raül Romeva i Rueva, que está esta quarta-feira em Lisboa.

No seu entender, “a resposta do Governo espanhol viola a lei espanhola, a lei europeia, os direitos fundamentais e ainda a Constituição espanhola, porque aplica o artigo 155º sem fazer o processo previsto para tal”.

Madrid considera que o referendo marcado para dia 1 de Outubro viola a Constituição espanhola de 1978, que só permite a separação de uma região se a decisão for tomada por todos os espanhóis.

O Governo central empreendeu, por isso, várias medidas para impedir a consulta popular.

Raul Romeva garante que, independentemente, do número de votantes no domingo, a consulta será vinculativa.

“Se a maioria disser que sim, aceitaremos o resultado. Se a maioria disser que não, aceita-se o resultado. Não sei qual será a participação, mas claro que queremos que seja máxima”, afirma.

E, se vencer o “sim” a um Estado soberano e independente, “aplica-se a lei de transitoriedade, aprovada no Parlamento, mas que não está activa. Se vencer o 'sim', activa-se e começa-se o processo de construção de um Estado” – processo que, “obviamente, procura uma negociação”.

Referendo na Catalunha. Como começou o braço de ferro com o Governo espanhol
Referendo na Catalunha. Como começou o braço de ferro com o Governo espanhol

“Sempre dissemos que queríamos negociar. Até agora, tentámos negociar um referendo. Como não quiseram negociar o referendo, vamos negociar o resultado do referendo, se for sim. Se for não, haverá eleições autonómicas”, explica o responsável do governo catalão.

Resta saber de que forma irá reagir Madrid, que na terça-feira recebeu o apoio do Presidente norte-americano. Donald Trump recebeu o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, na Casa Branca e defendeu que Espanha deve continuar unida.

Mas, na opinião de Raül Romeva i Rueda, a opinião de Trump foi apenas a manifestação de “uma posição neutra”. “Nem Trump nem ninguém na Europa disse que Catalunha não poderia votar. O que fazem os países é reagir às coisas”, defende.

O responsável catalão pelas Relações Externas desafiou depois a União Europeia a dizer que projecto quer apoiar: “o que propomos na Catalunha, que é moderno, aberto e que permite que toda a gente se expresse e diga o que pensa” ou aquele “que define o Governo espanhol e que proíbe 80% da Catalunha de se expressar, que fecha páginas na internet, que intervém financeiramente no governe proíbe a liberdade de expressão e de debate no Parlamento”.

Ressalvando que Bruxelas nunca foi um problema, porque “se adapta às cricunstâncias”, Raül Romeva considera que o que a Europa tem de fazer é dizer claramente “qual é o modelo que a União Europeia quer apoiar: o da participação ou o da repressão?”.

Já Portugal não assumiu nenhuma posição, mas o antigo embaixador português em Madrid, António Martins da Cruz, defende que uma Espanha unida é mais favorável aos interesses portugueses.

O referendo acontece no domingo.

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  • SALAZAR
    27 set, 2017 LX 16:56
    FORÇA CATALUNHA. ERA O MELHOR QUE PODIA ACONTECER A PORTUGAL DADO QUE MADRID PERDERIA MUITO PODER A NÍVEL IBÉRICO E LOGO INTERNACIONAL. SÓ MUITOS DOS ATRASADOS POLITIQUEIROS E COMENTADORES DE BANCADA NACIONAIS É QUE DEFENDEM O CONTRÁRIO.
  • Walter Cross
    27 set, 2017 Odivelas 16:47
    A soberania de qualquer povo reside também na liberdade de poder escolher o seu caminho, quer existam pormenores de lei numa constituição que queira por interesse geográfico ou financeiro impedir um povo de escolher. Assim, aqui, terminam valores democráticos e quando ela é evoluída como na Inglaterra, nota-se porque razão ali nunca existiu ditadura, ao contrário da Espanha. O medo do governo redobra pela razão de existirem outras regiões com a mesma vontade igual à Catalunha. Se os homens soubessem governar, não era necessário nada disto, mas por arrasto da crise capitalista no seu apogeu selvagem das aplicações neoliberais, deu nisto: uma crise de nacionalismos... agora, aguentem-se e o bom seria aplicar bom senso, realismo e defender sim, princípios humanistas. Entretanto, aqueles que já pensam em Olivença, esqueçam a fantasia porque estes não desejam ser Portugueses; preferem continuar Espanhóis (e fazem muito bem, voltarem ao passado seria andar para trás), segundo inquérito local há 4 ou 5 anos.
  • Joca
    27 set, 2017 Terra 15:47
    No referendo de 2014, só votaram 2 305 290 eleitores de um total de 6,313 milhões. Desses só 1 861 753 votaram Sim. Ou seja, só 29,4% dos eleitores concordou com a independência da Catalunha. Nem chega a um terço. Será que esse terço mal pesado poderá decidir sobre o destino de uma região?
  • américo
    27 set, 2017 15:41
    Não se deve esquecer que a Espanha ainda tem o território de Olivença sob o seu domínio , invadido e roubado a Portugal pelos Castelhanos,tanto que não existem marcos nessa zona de fronteira.Voluntariamente não o devolvem , por um tratado feito a isso eram e são obrigados.Já se dizia que de Espanha nem bom vento nem bom casamento.Pesquisem por favor...
  • Rodericum
    27 set, 2017 Braga 15:32
    O referendo sobre a autodeterminação dos povos deveria ser encarado como natural nos estados democráticos. O resultado seria sim ou não e deveria ser acatado, também com naturalidade. O Reino Unido não colocou entraves ao referendo na Escócia e os escoceses escolheram permanecer na união. Foi a sua escolha livre. A postura repressiva de Espanha só faz aumentar o desejo de independência dos Catalães.
  • Tiago Soares Pinto
    27 set, 2017 Porto 14:12
    O Sim à Independência vai ganhar de acordo com 2 sondagens espanholas, antes da ação policial do dia 20: 59,5% ou mais. Mais de metade dos eleitores quer votar no referendo. O Não só ganha se os catalães estiverem bêbados.
  • A41202813GMAIL
    27 set, 2017 LISBOA, PORTUGAL 14:08
    GO, BREXIT !
  • iFernando
    27 set, 2017 Porto 14:04
    Se vencer o sim começa a guerra. Democracia não é igual a todos os distritos passarem a republica. Eventualmente alguns independentistas podem ser presos por atentarem contra a integridade de Espanha. Portugal não é uma republica porque votou em referendo o sim.
  • José
    27 set, 2017 Almeida 13:25
    Catalunha com estado-nação e Olivença retorna a Portugal!
  • Para refletir...
    27 set, 2017 Almada 13:13
    No seu entender, “a resposta do Governo espanhol viola a lei espanhola, a lei europeia, os direitos fundamentais e ainda a Constituição espanhola, porque aplica o artigo 155º sem fazer o processo previsto para tal”. Eu digo, não compreendo isto, quem determina o que é legal ou não é a justiça, e a justiça já suspendeu o referendo, qual a duvida?

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