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Papa “abre o coração” às vítimas da violência na Colômbia. "O amor é mais forte"

08 set, 2017 - 22:34 • Aura Miguel, enviada especial à Colômbia

Francisco participou num encontro de oração pela reconciliação e emocionou-se ao ouvir o testemunho de quatro colombianos vítimas da guerra civil.

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Papa “abre o coração” às vítimas da violência na Colômbia. "O amor é mais forte"
Papa “abre o coração” às vítimas da violência na Colômbia. "O amor é mais forte"

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O Papa Francisco participou esta sexta-feira num encontro de oração para a reconciliação nacional na Colômbia, que ficou marcado por quatro testemunhos, duros e crus, de cinco décadas de guerra civil.

Depois de ouvir as histórias de três mulheres e de um homem, no Parque Las Malocas, em Villavicêncio, Francisco confessou ter ficado emocionado com os relatos de sofrimento, mas também com a vontade de perdoar, virar a página e seguir em frente.

“Agradeço a todos estes irmãos que partilharam o seu testemunho, em nome de tantos outros. O quão bem nos faz escutar as suas histórias. Estou comovido. As suas histórias de sofrimento e amargura, mas também, sobretudo, as suas histórias de amor e de perdão que nos falam de vida e esperança, de não deixar que o ódio, a vingança ou a dor se apoderem dos nossos corações”, declarou o Santo Padre.

O encontro de reconciliação decorreu perante a imagem do Cristo Negro de Bojayá, que testemunhou um massacre em Maio de 2002. Dezenas de pessoas que se tinham refugiado numa igreja foram massacradas e a imagem foi mutilada, ficando em pernas nem braços.

O Papa destacou o simbolismo e espiritualidade do momento: “O Cristo ferido e amputado, para nós é ‘mais Cristo’, porque nos mostra uma vez mais que Ele veio para sofrer pelo seu povo e com o seu povo, e para ensinar-nos também que o ódio não tem a última palavra, que o amor é mais forte do que a morte e a violência.”

Francisco considera que o caminho para a paz e misericórdia é construído de “justiça e verdade”, que considerou um “desafio grande e necessário”.

“Não tenham medo de pedir e de oferecer o perdão”, para se reencontrarem como irmãos. “Está na hora de sarar as feridas, construir pontes, limar diferenças, renunciar à vingança”, apelou o Papa neste terceiro dia de visita à Colômbia.

"Perdoar o imperdoável"

Um dos testemunhos da violência foi contado por Pastora Mira García, que perdeu o pai, o marido e dois filhos durante a onda de violência das últimas décadas na Colômbia.

"Sou católica e em várias ocasiões fui vítima de violência", disse Pastora Mira García, para quem é preciso "perdoar o imperdoável" para seguir em frente.

Francisco ouviu a história dramática e destacou o exemplo de Pastora para ajudar a “quebrar o ciclo de violência que tem imperado na Colômbia”.

“Tens razão: a violência gera mais violência, o ódio mais ódio, e a morte mais morte. Temos que romper esta cadeia que é apresentada como inescapável e isso só é possível com o perdão e a reconciliação. E tu, querida Pastora, e tantos outros como tu, demonstraram que é possível”, afirmou o Papa.

Francisco, que foi à Colômbia como “peregrino de esperança e paz”, agradeceu os quatros testemunhos, que ajudaram a compreender que “de um modo ou de outro, também somos vítimas, inocentes ou culpados, mais todos vítimas”.

O encontro de reconciliação terminou com uma oração do Papa ao Cristo Negro de Bojayá e com os fiéis a entoar "Papa Francisco, Colombia te quiere”.

Durante o momento solene de oração, Francisco apelou a que os colombianos sejam os pés, os braços e as mãos do Cristo mutilado: "Cristo negro de Bojayá, faça-nos comprometer-nos a restaurar o seu corpo. Podemos ser seus pés para encontrar o irmão necessitado; seus braços para abraçar aquele que perdeu sua dignidade; suas mãos para abençoar e confortar aquele que chora na solidão".


A Renascença acompanha em permanência a visita do Papa à Colômbia. Siga em directo e acompanhe as transmissões vídeo em directo.

A Renascença na Colômbia com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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  • luis almeida
    09 set, 2017 porto 03:29
    Veneranda Santidade A Siria espera pelo Senhor . Lá é que se dará o amor entra os homens de boa vontade. Grande pecador que sou, gostaria muito de me oferecer para lá ir Consigo. Lá sim falta o reino de Deus. Vamos lá . Venha junto dos sofredores Santo Padre.Eu vou Consigo como exemplo do pecador vulgal,Vossa Santidade como modelo da Salvação.

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